Falar dos 7 Anões? Que coisa mais chata! Não teria assunto melhor e mais interessante para se discutir neste blog?
Pesquisando a história dos 7 anões e, em especial, do Zangado, esta poderia ser bem uma frase dele... rs. Confesso que a principio, pensei a mesma coisa... Mas comparando este conto de fadas com os dias de hoje, notei que podemos tirar desta história uma lição de como aprender a viver com as diversidades e a lidar com as nossas emoções.
Na história, percebemos que os anões vivem isolados num bosque, em meio à floresta, longe de todos, que cada um deles tem uma personalidade diferente, uma característica marcante, como os próprios nomes os descrevem: Mestre, o líder do grupo, Dengoso, o mais meigo de todos, Soneca, o mais dorminhoco e preguiçoso, Atchim, que é alérgico e vive espirrando, Feliz, que está sempre de bom humor, Dunga, que apesar de não falar, é o mais corajoso, e o Zangado, que ao contrário do Feliz, está sempre de mau humor e emburrado. Porém, certos das dificuldades que teriam em viver em sociedade, eles, por serem diferentes, escolhem morar na floresta, onde, apesar de isolados, trabalham para sobreviver e moram juntos numa cabana, sem muito conforto, organização e alegria, o que só muda com a chegada da Branca de Neve.
Vivemos numa sociedade que valoriza muito os estereótipos, na qual nos tornamos escravos de uma ditadura da beleza, em que os preconceitos nos impedem de ver a verdadeira beleza de cada um e enxergar os valores que tanto buscamos. Muitas pessoas, quando não se enquadram neste conceito de beleza padrão, acabam sofrendo com baixa auto-estima, isolando-se, tendo dificuldade de se relacionar em sociedade e de ter relações afetivas, impedindo assim a sua própria felicidade, como veremos a seguir com o exemplo do Zangado.
Podemos perceber também a importância que a madrasta da Branca de Neve dá a este conceito de beleza, uma necessidade de ser a mais bonita, a inveja que sente da enteada e até que ponto é capaz de chegar por este sentimento. Se analisarmos bem, perceberemos quantos crimes são cometidos em nossa sociedade pelos mesmos motivos.
Sobre o isolamento dos 7 anões podemos comparar a um outro problema social... Quantos portadores de necessidades especiais e nanismo vivem excluídos da nossa sociedade? Hoje, com as novas leis de inclusão social e acessibilidade, muita coisa está mudando, mas ainda estamos muito longe do ideal. Lidar com a auto-estima e a própria aceitação numa sociedade padronizada não é simples.
O Zangado é incompreendido, na verdade, ele é o mais carente dos 7 anões, não gosta de viver no isolamento e sente necessidade de amar e ser amado, mas tem medo de se entregar a este amor e sofrer uma decepção, medo de ser rejeitado e abandonado, por isso resiste tanto aos encantos da Branca de Neve. Porém, ao vê-la em perigo, é o primeiro a querer socorrê-la, por medo de perdê-la, e só depois disso é capaz de assumir que também a ama. No entanto, quando isso ocorre, ela acaba mesmo indo embora com seu príncipe encantado, mas deixando para o Zangado o aprendizado de que não devemos ter medo de amar e de nos relacionar com as pessoas, que as emoções devem ser vividas e os sentimentos demonstrados.
Quantas vezes também agimos como o Zangado negando nossos sentimentos, impedindo novos relacionamentos, pré-julgando as pessoas e impedindo nossa felicidade?
Ao nos depararmos em uma situação como esta em nosso caminho que lembremos desta história, que apesar de ser um conto de fadas e ter sido criado há muitos anos, continua bem atual, pois os problemas continuam se repetindo todos os dias. Que tenhamos consciência que os nossos comportamentos e nossa participação, ou não, na solução desses problemas sociais, são reflexos dos nossos conceitos, das nossas dificuldades intrínsecas e de diversos paradigmas da sociedade que, muitas vezes, aceitamos como verdadeiros, mas na maioria, são equivocados. Que tenhamos então a sensibilidade de parar, refletir e buscar novos caminhos para uma sociedade mais crítica, justa e humanitária.
2 comentários:
É talvez o zangado fosse daqueles tipo que a gente ve por aí...que se esconde atras de uma imagem sisuda so pra nao correr o risco de se decepcionar(porque qdo isso acontece ele pode dizer:eu já sabia). Ou então a estoria do zangado no faça refletir se não devemos de vez enquando colocar pra fora as nossas raivas e pararmos de fingir que está td bem.
Verdade, Meyroca... rs.
Mas isso já dá ou outro post sobre as "máscaras" que muitas vezes costumamos usar no dia a dia. Mas aguarde que em breve o Alexandre falará sobre isso!
Obrigada pelo comentário e continue participando!
Bjs
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