segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Caminhos sem volta...

Semana passada eu não escrevi... E nesta, estou atrasada, eu sei. Mas não porque eu não queira escrever, muito pelo contrário! Eu quero escrever, só não sei por onde começar... Talvez, seja mais fácil começar pelo final... Ou não... Eu gostaria de escrever sobre um assunto mais alegre, afinal, estamos em pleno carnaval, período de festa e diversão... Ontem foi meu aniversário, dia de celebrar a vida... Mas como falar de vida se a dor da morte ainda doe no meu peito? Sinto que se não falar sobre este assunto, não conseguirei escrever sobre mais nada... Vou tentar. Vocês podem gostar, ou não. Podem concordar, ou não. Comentar, ou não. Mas se refletirem a respeito terá valido a pena!

Nos últimos dias, ou melhor, meses, quem sabe anos? Vi pessoas queridas se perderem por caminhos errados, das drogas e da criminalidade, digo caminhos errados do ponto de vista das regras sociais, mas não especificamente dessas pessoas que escolheram estes caminhos, pois, para elas, em um determinado momento da vida (que eu não consigo enxergar qual foi), este caminho foi a melhor opção. Mas que infelizmente, mais à frente, pode não ter sido tão boa assim... Ou não... Como saber?

Como saber o que pode ser melhor para o outro se muitas vezes não sabemos o que é melhor para nós mesmos, não é? Mas entre viver uma vida de incertezas, de perdas, de solidão, de preconceitos, de dificuldades, de carência afetiva, de violência, de dor, enfim, de tantos problemas, e encerrar a vida jovem, qual será a melhor opção? O que mais poderia vir pela frente? Haveria saída?

No mundo capitalista em que vivemos, enfrentamos muitas desigualdades sociais, muita falta de oportunidade de trabalho, de estudo, falta de expectativa de vida... Falta de afeto, de compreensão, falta de estrutura familiar... Falta de dignidade.

Neste mundo moderno em que vivemos, as pessoas estão se esquecendo do principal, do amor ao próximo! De enxergar o outro que está ali ao seu lado, mas, muitas vezes, não é visto na sua essência! Pessoas convivem embaixo de um mesmo teto sem conhecer os interesses, anseios e dificuldades que o outro sente.

Vivemos em um mundo injusto! Um mundo que julga pelas aparências, pelos atos extraordinários, pelos desatinos, pela aparente maldade cometida, que, muitas vezes, não passam de defesa de um ser humano desesperado, cujo único caminho foi a sua própria desgraça...

Ninguém nasce para ser mal ou para ser infeliz. Todo ser humano nasce com uma centelha divina que lhe dá a capacidade de amar. O pior criminoso, o maior assassino, é capaz de amar, ou a mãe, ou um filho, ou um santo de sua devoção, ou um cão vira-lata, ou a sua própria arma de fogo, que nada mais é que o seu instrumento de defesa ou de auto-afirmação...

É fácil julgar os criminosos quando estamos de fora, ou quando a maldade dele nos atinge diretamente, quando somos vítimas dos seus atos... Mas só quando perdemos um jovem que amamos, que vimos crescer, e que tivemos a oportunidade de conhecer o seu lado bom, amoroso, educado, é que entendemos que todos nós estamos vulneráveis a escolher o caminho errado em algum momento de nossas vidas... Só nesta situação entendemos porque todos os domingos as portas dos presídios estão lotadas de mães a espera do horário de visita para ver os seus filhos... E porque a pena de morte jamais será solução para diminuir a criminalidade.

Não estou aqui para fazer apologia ao crime, de maneira alguma! Mas para desabafar a dor de uma perda, para refletir e tentar entender os motivos que levam muitas pessoas a trilharem por caminhos errados e, muitas vezes, sem volta!



domingo, 5 de fevereiro de 2012

DESAPEGO

Quase às vésperas de completar 40 anos vejo que ainda não aprendi uma das principais lições da vida, que é praticar o desapego... Como seguidora da Doutrina Espírita, sei que não levamos nada de material desta vida, apenas nossas vivências e sentimentos. Mas, por outro lado, enquanto vivemos no plano material precisamos de muitas coisas para ter uma boa qualidade de vida, sossego e estabilidade. E uma delas é uma casa para morar, ou, melhor dizendo, um lar, o que eu sempre tive e continuarei tendo.

Porém, moro há 34 anos na mesma casa. E agora, por vontade dos meus pais, mudaremos para um apartamento, confortável, mas muito menor do que a casa na qual ainda moramos... Pelo menos, até os próximos dias...

Quase às vésperas desta mudança tenho me apegado cada vez mais esta casa, aos objetos e móveis que a compõem, (ou melhor, que ainda sobraram, pois muitas coisas já foram vendidas e até mesmo doadas, porque não caberão no apartamento), e a toda história que foi sendo escrita aqui ao longo desses anos...

Não tenho vontade de sair daqui! Para mim, aqui é meu porto seguro, aqui é o meu lugar, este é o meu endereço, aqui estão as minhas referências... Sair daqui é deixar parte da minha história para trás... É começar uma nova fase da minha vida, para a qual eu não me sinto preparada...

Quase às vésperas de ter um ataque de nervos, parei para refletir e percebi que o problema não está apenas em deixar esta casa, mas também em deixar a casa dos 30... Pois, para esta casa, sei que um dia ainda poderei voltar, mas para a casa dos 30, nunca mais... Daqui para frente só para a casa dos “enta”...

Por outro lado, só tenho a agradecer a Deus por tudo o que eu tenho, por ter meus pais, fortes e saudáveis, ao meu lado, onde quer que estejamos, por ter a oportunidade de completar 40 anos, quando tantos morrem jovens, e por ter um lugar para morar, quando tantas outras pessoas não têm... Tudo isso eu reconheço e valorizo, muito!!!

Mas, como todo ser humano, não sou perfeita, também tenho as minhas fraquezas... E deixar tantas coisas para trás não está sendo fácil para mim... Sei que preciso praticar o desapego e valorizar o que eu tenho agora, me desfazer das coisas supérfluas e me preparar para as mudanças, que serão muitas... Afinal, como diz um amigo meu, mudar de casa é mudar a vida, pois envolve muito mais que simplesmente mudar os móveis de lugar... Concordo com ele! 

Mudar de faixa etária é outra coisa que eu preciso aprender, pois quando fiz 30 anos também passei por este sentimento... 10 anos se passaram e aqui estou eu com as mesmas angústias e insatisfações... Parece que está sempre faltando alguma coisa que eu deixei de fazer dentro do prazo... O ciclo se encerrou e eu não cumpri a minha missão... Pelo menos é assim que eu me sinto!

Sei que as mudanças fazem parte da vida e que não há evolução sem elas... Mas quando acontecem por nossa própria vontade, por mais difíceis que possam ser, são bem-vindas! Porém, quando nos são impostas, são muito mais complicadas!

Bom, dizem que a vida começa aos 40, então renascerei em um novo endereço! Sempre acreditei que as mudanças acontecem para o nosso bem! Se Deus quiser, desta vez não será diferente! E se é verdade que para tudo nesta vida há um propósito, que essas mudanças sirvam para eu aprender a praticar o desapego!

Então, que venham as mudanças...