sábado, 20 de novembro de 2010

7 Pecados Capitais: A Preguiça

Hum... Só de pronunciar esta palavra já dá uma preguiça...
E pior, a preguiça é contagiante! Basta você dizer que está com preguiça e logo alguém concorda com você!
Mas afinal de contas, o que vem a ser a preguiça?
De acordo com os principais dicionários, a definição mais comum é "aversão a qualquer tipo de trabalho ou atividade produtiva". Segundo Lúcia G. Monteiro, psicóloga, pós graduada pela FGV e Mestranda em Gestão Estratégica, "este sentimento faz com que as pessoas desqualifiquem os problemas e a possibilidade de solução destes. A preguiça não se resume na preguiça física mas também na preguiça de pensar, sentir e agir. A crença básica da preguiça é não necessito aprender nada, levando a um movimento freador das idéias e ações dentro das organizações que no cotidiano é traduzido pelo deixa para depois".
Porém, outros conceitos, como moleza e morosidade, também são citados e podem se referir a qualquer outra área. Se analisarmos mais a fundo, preguiça é muito mais que isso, a preguiça é falta de vontade, de iniciativa e de entusiasmo pela vida.
O preguiçoso não tem coragem de mudar, evita pensar e mais ainda agir, acaba se acomodando em sua zona de conforto, mesmo que ela não o satisfaça, como: permanecer num relacionamento desgastado, que pede uma mudança de comportamento ou mesmo uma separação, e querer emagrecer e não fazer nada para isso, reconhecendo-se com excesso de peso, mas sabendo que isso exige uma reeducação alimentar e a prática de atividade física. O preguiçoso prefere ficar onde está a que enfrentar novos desafios e encarar o desconhecido.
Porém, entre os 7 Pecados Capitais, segundo a classificação de São Tomás de Aquino, a preguiça não é nem o pior e nem o melhor dos pecados, se é que um deles possa ser considerado o melhor... rs. A preguiça está em 4º lugar, antes dela vem a Vaidade, a Inveja e a Ira, e depois a Avareza, a Gula e a Luxúria. Ou seja, a preguiça prefere descansar em cima do muro, ficando no meio termo.
Em oposição aos 7 Pecados Capitais temos as 7 Virtudes Fundamentais, onde em oposição à Preguiça temos a Diligência, que é a capacidade de se dedicar a tudo o que faz, de se interessar pelo novo e de se empenhar para atingir seus objetivos.
Então, a partir de agora, cada vez que perceber este sentimento se aproximando, lute para combatê-lo, colocando em prática a sua virtude contrária.

Se você quiser conhecer os conceitos de Lúcia G. Medeiros para os outros pecados capitais, acesse o link: http://www.guiarh.com.br/PAG21H.htm

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Retrato Falado - Denise Fraga

Eu sempre gostei muito da Denise Fraga e do quadro Retrato Falado, então, em 06/08/2002, escrevi uma história, vivida em 1997, para ela contar no programa. Mas infelizmente, isso nunca aconteceu... E hoje, pensando na próxima matéria para publicar neste blog, lembrei-me disso!
O texto é longo, mas quem tiver paciência de ler com certeza vai se divertir... rs. E conhecer a aventura de duas grandes amigas! Por isso, resolvi contar essa história do fundo do baú para homenagear minha querida amiga Márcia!
E quem sabe, depois de todos esses anos, a Denise Fraga venha conhecer nossa história? Afinal, na internet todos os encontros são possíveis... rs

Segue o texto na íntegra, apenas excluí nossos dados para contato, pois já não são mais os mesmos...


Títulos sugeridos: 
          
AMIGAS ATRAPALHADAS – DIVERSÃO GARANTIDA
ou
PEQUENOS DESENCONTROS – GRANDES AMIGAS,

Denise Fraga,

Gostaríamos de contar uma história que foi para nós, o marco inicial de uma grande amizade!!
Eu, Lucimara, paulista, nascida em  Taubaté.  Márcia, carioca, nascida em Niterói, ambas aquarianas... ou melhor, atrapalhadas... Nos conhecemos em São Paulo, cidade que por coincidência, escolhemos para trabalhar e morar.
Nos simpatizamos logo de início, começamos a sair para tomar um choppinho depois do trabalho, bater papo, e assim foi indo.... Até quando marcamos a nossa primeira viagem juntas.... É aqui que começa nossa história!!
Como minha família e meu ex-namorado moram em Taubaté, apesar de morar em Sampa, nessa época, costumava passar os fins de semana no interior. Havia marcado com uns amigos de viajar para um sítio em São Bento do Sapucaí, há mais ou menos 80 km de Taubaté, e a convidei para ir comigo.  Meus amigos foram na sexta-feira, como eu trabalhava no sábado, apenas o meu namorado e um amigo ficaram nos esperando para irmos juntos no dia seguinte. Combinamos que eu trabalharia até ao meio-dia, pegaria o metrô, encontraria a Márcia no Terminal Tietê e pegaríamos o ônibus das 13h, chegando em Taubaté as 15h. Eles já estariam prontos e iríamos todos para o tal sítio, onde chegaríamos antes das 17h com certeza!! Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram....
***
Somos atrapalhadas, confusas e com isso, as vezes não conseguimos trabalhar direito com o tempo, as horas, ou mesmo com os minutos.... Que em determinadas circunstâncias faz muita diferença!
Como diz Richard Bach, “os semelhantes se atraem”, o que significa no nosso caso, muita confusão!!
***
A Marcia tinha a manhã inteira para se arrumar e estar na rodoviária no horário combinado, mas como o universo todo conspira para contribuir com as nossas confusões, ela acabou saindo de casa um pouquinho atrasada... ou calculou o tempo errado... Sei lá!! Morava nessa época, em Pinheiros, precisaria então pegar um circular na Av Rebouças, descer na Consolação e pegar o metrô para o Tietê.  Simples, né?? Não nesse caso!! O ônibus atrasou e quando ela percebeu que não ia dar tempo, decidiu pegar um taxi, porém, o trânsito também colaborando, estava congestionado.
***
Nisso, eu estava saindo do trabalho, na Praça da República, peguei o metrô, cheguei a rodoviária na hora certa, comprei as passagens e fiquei esperando-a no local combinado. O tempo foi passando, ela não chegava, e comecei a me preocupar!! Será que ela me deu furo?? Afinal, ainda não nos conhecíamos muito bem e não tinha certeza de que ela era realmente ponta firme!! Haviam outras pessoas envolvidas na situação, pois meu atraso, prejudicaria também quem estava me esperando em Taubaté.
Nessa época, ainda não tínhamos celular e na casa da Marcia também não tinha telefone, ou seja, estávamos incomunicáveis.  Tínhamos uma amiga em comum, com a qual ela morava, que tinha um celular de Caraguatatuba  que nunca funcionava direito e um bip, muito usado naquela época. Tentei ligar para esse celular várias vezes e mandei diversas mensagens para a Marli, tentando saber notícias da Marcia. Assim ela poderia ligar para Taubaté, falar com a minha irmã e eu, da rodoviária em São Paulo, poderia ligar para casa de meus pais para saber o que estava acontecendo. Meio confuso, né?? Mas era o único jeito, pois eu não tinha nem mesmo um bip!!
Deixei  todos em Taubaté também preocupados, sabendo da confusão e cientes de que provavelmente a minha amiga não iria mais....
Fiquei no local combinado até o último instante, acabei vendendo a passagem dela, quase perdi o ônibus, o motorista precisou parar e novamente abrir a porta para eu entrar, e fui embora sozinha! Algo me dizia que eu deveria ter esperado mais um pouco que ela chegaria. Mas isso significava uma hora de atraso na programação.
Viajei preocupada, o rapaz ao meu lado percebeu a minha inquietação, perguntou o que havia acontecido, contei-lhe a história e ele ainda ficou fortalecendo o meu arrependimento por ter embarcado, dizendo que ela deveria ter chegado logo depois de termos saído... O que tornou a minha viagem ainda pior!!
Deveria confiar mais na minha intuição, pois ela e o rapaz estavam certos...  Foi exatamente o que aconteceu!
***
Cinco minutos após o ônibus ter saído, chega a Marcia correndo na rodoviária!! Percebendo o ocorrido, se dirigiu ao guiche da companhia de viação para saber alguma notícia minha, mas não souberam informá-la de nada. Vendo que eu não estava lá, resolveu passar uma mensagem para o bip da Marli, avisando do atraso. Ao abrir a bolsa, percebeu que na hora de arrumar as malas, escolheu a bolsa menor, onde não caberiam muitas coisas, entre elas, a agenda. Portanto, ela não pode passar a mensagem. Ligou então para a sua mãe, em Niterói, pois ela tinha o telefone de duas vizinhas de seu apartamento em São Paulo, e como uma delas era uma senhora bem idosa, raramente saia de sua casa, com certeza poderia chamar a Marli ao telefone por um instante, assim, conseguiria o meu telefone de Taubaté e tudo estaria resolvido. No entanto, por uma sorte do acaso,  a velhinha e nem a outra vizinha estavam em casa.
Imaginou também, que eu já tivesse falado com a Marli e  portanto já sabia que ela estava a caminho, o que na realidade eu tentei fazer, mas não consegui. Acreditando que eu a esperaria em Taubaté, decidiu que iria assim mesmo, e que chegando lá, se eu não estivesse na rodoviária esperando-a, ligaria de novo para suas vizinhas, pois a viagem duraria 2h, tempo suficiente para elas chegarem.  Embarcou então no próximo ônibus e seguiu seu destino, crente que tudo daria certo.
***
Cheguei em Taubaté as 15h, como estava previsto, meu namorado, meu amigo e minha família estavam me aguardando e preocupados com a Marcia, que nem mesmo conheciam, pois durante a minha viagem, minha irmã tentou por diversas vezes falar com a Marli, inutilmente. Esperamos mais um pouco para ver se ela me ligava... Tentei novamente, não consegui. Meus amigos começaram a apressar-me, pois já havíamos perdido muito tempo com essa espera e eles achavam que ela não viria mais. Não queriam chegar à noite, com medo de não encontrarmos o sítio.  Assim, partimos para São Bento, meu namorado, minha irmã, nosso amigo e eu.
***
Marcia chegou a Taubaté as 16h, descendo na plataforma, percebeu que eu não estava e tentou novamente ligar para suas vizinhas, mas elas ainda não haviam chegado. Resolveu então aguardar um pouco, acreditando que eu iria buscá-la... Mas eu já estava longe.... Ficou sentada na rodoviária assistindo ao Show da Xuxa e esperando.... Como não conhecia Taubaté, imaginava que fosse uma cidade muito pequena onde todos se conheciam. Também não tinha muitas informações a meu respeito, sabia apenas que a casa de meus pais era muito próxima à rodoviária, que minha irmã tinha apelido de Rô, mas não sabia o seu nome, e que eu tinha um tio cabeleireiro que é muito famoso na cidade, mas também não sabia o nome dele. Achava que com essas poucas informações, não seria difícil encontrar-me e resolveu dar uma volta no quarteirão e perguntar para alguns moradores se eles me conheciam... Mais uma tentativa frustrada! Conversou com várias pessoas e se sentiu uma louca, pois ela mesmo nem acreditava no que estava fazendo.
Voltou para a rodoviária decidida a dar um jeito naquela situação, porque depois de tudo isso, precisava chegar ao tal sítio de qualquer maneira. Ligou então para o auxílio à lista e dando seu endereço e um número de apartamento qualquer, conseguiu o telefone de uma outra vizinha que ela nem mesmo conhecia. Ligou, explicou a situação, dizendo ser um caso de vida ou morte e que precisava falar urgente com a Marli. A mulher, mesmo achando aquilo esquisito, sentiu-se comovida e resolveu ajudá-la, chamando a Marli. Essa, depois de tudo esclarecido, passou o telefone dos meus pais para a Marcia.
***
Enquanto isso, eu já em São Bento, não conseguia me divertir... Só ficava imaginando o que teria acontecido com ela!! Não tinha outro assunto, só pensava nisso. Sentia que meu final de semana seria horrível. Dois dos meus amigos que estavam no sítio e que também moravam em São Paulo a conheciam e ficaram preocupados como eu, pois não achavam que ela fosse dar furo.
***
Nisso, Marcia com o telefone nas mãos, conseguiu falar com meu pai, que sabendo de tudo, informou que eu já deveria estar no sítio. Ela desanimada, disse que então, iria voltar para São Paulo no próximo ônibus, mas meu pai, muito prestativo e comovido com o esforço e determinação de Marcia, se prontificou a levá-la. Marcia, a princípio, recusou a ajuda, pois achou um absurdo dar todo este trabalho aos meus pais. Meu pai insistiu em levá-la, justificando que seria um passeio para ele.  Só que para isso, precisavam identificar-se para se reconhecerem primeiro na rodoviária. Meu pai se descreveu, dizendo estar de camisa vermelha, marcaram um local e ele foi buscá-la. Chegando em casa, minha mãe ligou para a casa da minha amiga para descobrir o endereço do sítio. Falando com a Jussara, descobriram  que essa empreitada não seria tão fácil assim, pois seria complicado encontrar o sítio sozinhos. Jussara com o neném novinho e doente, deixou-o com sua mãe e partiu a destino do sítio com meu pai, minha mãe e a Marcia, que a esta altura já não sabia mais aonde enfiar a cara. Apesar de toda a vergonha de Marcia, todos estavam felizes pelo passeio. Partiram, então, levando com eles algumas garrafas de vinho para comemorar!!
***
Finalmente, chegaram ao sítio por volta das 20h!! A alegria foi geral, pois todos estavam chateados com o acontecido. Marcia e eu nos abraçamos e choramos muito, nos desculpando pelo desencontro. Ela pelo atraso e eu por ter ficado com dúvidas se ela teria ido ou não. 
A partir daí, ficamos cada vez mais amigas, e certas de que sempre poderíamos contar uma com a outra. Viajamos muitas vezes, moramos juntas, dividindo apartamento, acreditando que tendo o mesmo endereço, não haveriam mais desencontros... Grande engano!!! Os desencontros continuaram acontecendo, mas para a nossa felicidade, sempre conseguimos nos encontrar!!
Nos tornamos grandes amigas, confidentes e parte da família uma da outra.
Isso tudo se passou em 1997, hoje, estamos com 30 anos, Marcia está casada com Arthur, que é de Belém do Pará, mãe de uma linda bahianinha chamada Amanda e morando em Salvador. Como vê, a confusão continua fazendo parte da vida dela, mas isso fica para uma outra história.  Ela está muito feliz e eu mais ainda, pois agora tenho onde passar as minhas férias sem gastar muito!! Voltei a morar com meus pais em Taubaté, continuo solteira e aprontando muito.


Denise,

Acreditamos que essa história se tornará ainda mais engraçada, sendo interpretada por você. Adoramos assistir ao Retrato Falado.
Há muito tempo venho pensando nisso. Estou aqui em Salvador, passando uns dias com a Marcia a fim de conhecer sua filhinha, hoje com dois meses. Conversando com ela a respeito, decidimos então te escrever. Já nos divertimos muito ao relembrar tudo isso. Esperamos ter despertado seu interesse por esse caso.

Se for necessário entrar em contato conosco, basta nos localizar utilizando os dados abaixo:

LUCIMARA SILVA FERNANDES

MARCIA MARIA SILVARES RITTER

Um grande beijo,

Lucimara e Marcia



Hoje, depois de muitas idas e vindas, Marcia está em Salvador novamente, a Amandinha já fez 8 anos e eu continuo em Taubaté, minha terra natal... rs. A Marli, casou com um suíço, hoje mora em Dubai e é nossa correspondente neste blog... rs
Faz muito tempo que não vejo a Márcia, a última vez foi no Rio de Janeiro, no Carnaval de 2009. Estou com uma saudade imensa, pois nunca ficamos tanto tempo longe uma da outra...
Mas não me preocupo, pois tenho certeza que nem o tempo e nem a distância são capazes de acabar com uma amizade como a nossa!
Espero que esta história sirva de exemplo para todos que valorizam uma verdadeira amizade!
Te amo, minha amiga!!!

E esta é a minha sobrinha do coração: Amandinha!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

1ª Matéria

Um dos objetivos deste blog é discutir temas que nos ajudem a quebrar velhos preconceitos e oferecer novos paradígmas. Pensando nisso, como gosto de viajar, escolhi para a primeira postagem, falar da minha, pequena, mas emocionante, experiência como alberguista.
Acho interessante falar sobre isso, pois a maioria das pessoas para as quais eu contei que me hospedei num albergue, perguntou como era e demostrou uma certa rejeição. Por incrível que pareça, muita gente associa o termo Albergue da Juventude aos abrigos de andarilhos... Outros, mesmo sabendo a diferença, também têm um certo preconceito, preferindo pousadas e hotéis com propostas diferentes.
Gostaria de propor aqui, uma troca de experiência. Contarei minha história e peço a todos vocês que me contem as suas. Mesmo que ainda não tenha tido essa experiência, comentem a nova visão que passarão a ter após conhecer minha história, ok?

E quem quiser mais informações sobre o Albergue da Juventude, visite o site:
http://www.alberguesp.com.br/

Histórias de uma alberguista...


Eu adoro viajar! Sempre gostei de fazer as malas e conhecer lugares diferentes... pessoas diferentes... costumes diferentes... Eu tenho um propósito de pelo menos uma vez por ano conhecer um novo lugar! Mesmo que seja perto. A distância não importa. O que vale são as histórias que terei para contar a partir dali, as novas amizades que farei, as recordações que terei e as emoções que viverei ao lembrar desses momentos.
Quando viajo, eu não costumo me preocupar muito com luxo e conforto, prefiro gastar meu dinheiro com os passeios e comer bem. Não gosto de passar vontade e nem de voltar pra casa com a sensação de ter deixado de fazer algo interessante... Na verdade, não gosto de me arrepender de nada na vida! rs... Bem, mas isso já dá uma outra história que deixarei para outra ocasião... Mas voltando a falar em hospedagem, confesso que gosto de conforto sim, só não considero o fator mais importante numa viagem. Porem, não vou negar que podendo pagar, um bom hotel é sempre bem vindo! Mas apesar disso, já me hospedei desde Hotel 5 Estrelas em Punta Del Este à hospedaria simples e motelzinho de beira de estrada pelo interior de São Paulo. Comigo não tem tempo ruim... Tendo um chuveiro quente para relaxar e uma cama limpa para descansar o corpo, tá bom demais!
Agora vou contar a vocês como e quando me tornei uma alberguista!
Há muitos anos atrás, já no final do século XX... rsrs... Nossa, como é engraçado pensar que nascemos em outro século... rs. Então, fui trabalhar em uma operadora de turismo, localizada à Rua Sete de Abril, no centro velho de São Paulo, ao lado da Praça da República, e no mesmo prédio da operadora, ficava a sede da Associação Paulista de Albergue da Juventude, ou melhor, fica, porque ela está lá até hoje. Achava o máximo a idéia de viajar pelo mundo com uma mochila nas costas, conhecer pessoas de diversas partes do mundo, trocar experiências, aprender outras culturas, sair sem destino e traçar o meu roteiro conforme as oportunidades do dia... Ficava pensando nessas coisas e viajando “na maionese”, pois nessa época eu namorava e ainda andava com uma turma enorme, que aonde ia um, iam todos... Então meus hábitos nesse tempo não tinham muito a ver com a filosofia alberguista... Mas mesmo assim, diariamente, ao subir pelo elevador para o 10º andar onde eu trabalhava, ficava observando a quantidade de pessoas que ia ali fazer
sua carteirinha de alberguista e ficava me programando para fazer a minha no dia seguinte... Trabalhei ali mais de 1 ano e nunca entrei naquela sala...
Passados alguns anos, duas amigas me convidaram para fazer uma viagem a Buenos Aires, que já era um sonho antigo, e detalhe, para ficarmos hospedadas num albergue, que uma delas já conhecia. A proposta era tentadora, pois teria a oportunidade de realizar dois sonhos de uma vez, conhecer a Argentina e finalmente, me tornar alberguista, apesar de na verdade, já me sentir uma, mesmo sem nunca ter entrado num albergue. Mas eu sabia que iria gostar! E tratei logo de providenciar a minha carteirinha!


Milhouse Hostel
E foi assim, que partimos do aeroporto de Guarulhos, diretamente para a mais louca aventura da minha vida... rs. A Clarice, que trabalha em uma companhia aérea, nos proporcionou as passagens, porem, não tínhamos direito às reservas, se sobrassem lugares no vôo, poderíamos embarcar, isso, no feriado de 15 de Novembro de 2004. Porém, na dúvida se embarcaríamos ou não, optamos por não reservar o albergue, pois se algo desse errado, não perderíamos o dinheiro, que nada mais era que U$ 6 a diária, ficaríamos 3 noites, seriam U$ 18 por pax. Uma miséria, né? Maldita hora em que não fizemos o pagamento antecipado! Pois ao chegarmos em BUE, percebemos que além de nós 3, o resto do mundo tinha tido a mesma idéia de ir para lá naquele feriado e fim de semana, ou seja, não tinha um só lugar para ficar no albergue que planejamos, nem nos outros 2 ou 3 que procuramos, nem nos hotéis 5 estrelas ou nas espeluncas da vida... rs.
Desembarcamos as 2h30 da madrugada e rodamos de táxi a noite toda pela cidade em busca de um lugar para ficar... Ainda bem que o táxi em Buenos Aires é muuuuito barato, ou não teria sobrado dinheiro para o resto da viagem! Rodamos, rodamos, rodamos, até que o motorista do táxi nos deixou num restaurante as 7h da manhã  alegando que não poderia mais continuar conosco, pois precisava dormir para pegar em outro trabalho mais tarde... Ficamos nós três e nossas malinhas pensando no que fazer... Voltar para São Paulo sem assistir ao Señor Tango e comer um bom Bife de Chorizo, jamais!! Isto estava fora de cogitação!  Então, fomos caminhando e arrastando nossas malas de carrinho pelas ruas da capital argentina até o primeiro albergue de novo. Lá, deixamos a Eli cuidando de nossas coisas e saímos, eu e Clarice, em busca de um cantinho para ficarmos. Após andar muito e quase ao ponto de desistirmos, chegamos a um hotel que finalmente, tinha um quarto para três pessoas pela bagatela de U$ 200 a diária... rs. Vocês se lembram de quanto iríamos gastar se tivéssemos feito as reservas no albergue? Pois é... Mas pagamos felizes! Curtimos muito o nosso feriado, mas ainda não foi dessa vez que estreei a minha carteirinha de alberguista!
E foi nessa viagem maluca, que conheci o meu querido amigo argentino, Gustavo Favretto, com quem mantive contato durante todos esses anos, pela internet, e hoje, é nosso parceiro neste blog,.
De lá pra cá, fiz outras viagens malucas e com as mesmas amigas, acabei me hospedando no albergue de Ilha Grande.

Holandês Hostel
Não sei por que, todas as vezes que me programava para ficar num albergue, acontecia alguma coisa... No feriado que marcamos de ir para Ilha Grande choveu tanto na sexta-feira que quase desistimos de ir. Como as meninas moram em São Paulo e eu em Taubaté, combinamos de ir na sexta, assim que elas chegassem da capital, direto para Ubatuba, dormiríamos lá e partiríamos bem cedo a caminho de Angra dos Reis, de onde pegaríamos a balsa para a Ilha. Porém, com aquela chuva, achamos muito arriscado descer a serra à noite. Assim, dormimos em Taubaté e saímos no sábado cedinho, ainda com chuva...  
De Taubaté à Angra, são 3 horas e ½ de viagem, mas chegando lá estava um dia lindo! Desta vez, não perderia a chance de ficar no albergue, que, detalhe, já estava pago! rs. Ainda tivemos tempo de almoçar, guardar o carro no estacionamento e fazer a travessia. Do porto ao albergue, é uma caminhadinha boa! Na Ilha, não entra carro, o que dá um charme especial aquele lugar. Chegamos cansadas no albergue, pois o caminho além de longo, tem uma boa subida, mas vale a pena, pois fica no meio de uma mata virgem, cercado pela natureza! Optamos por ficar num chalé privado, pois estávamos em três. Mas se estivesse sozinha, ficaria no quarto coletivo mesmo.
O gerente do albergue é super legal e nos recebeu com a maior atenção. Nos trocamos e fomos para a praia aproveitar o resto da tarde. Ao voltarmos, o albergue já estava cheio e em pouco tempo já conhecíamos todo mundo. Inclusive, um outro argentino, muito divertido, mas com ele não mantive contato, pois nos desencontramos na hora de ir embora e acabamos sem trocar emails... Uma pena!
Mas adorei a experiência! Ficar hospedado em albergue é a coisa mais legal deste mundo, lá o espírito é de aventura, paz e amor. As pessoas interagem-se, fazem amizades, reúnem-se, conversam sobre tudo, tocam violão, tornam-se parceiras. No albergue não há diferenças, preconceitos e nem exclusão social. Independente de onde você venha, de quem você é ou para onde você vai, você é sempre bem vindo.
Num albergue, você pode até chegar sozinho, mas com certeza, sairá de lá com muitos amigos. E foi isso que aconteceu comigo no em São Luis, no Maranhão.

Solar das Pedras Hostel
Esta história é legal! Uma viagem inesquecível!
Estava passando por uma fase difícil, com problemas no trabalho e fazendo tratamento para depressão... Um horror!
Daí, tirei férias, 30 dias, e fui viajar para espairecer um pouco... Fui para o Nordeste. Passei 10 dias em Salvador, na casa da minha amiga Márcia e de lá fui conhecer Morro de São Paulo, também na Bahia, onde fiquei sozinha por 5 dias. Depois fui para o Maranhão, pois tinha o sonho de conhecer os Lençóis Maranhenses. Planejava ficar um ou dois dias apenas em São Luis, apenas para conhecer o centro histórico. Assim, escolhi ficar no albergue, que fica no Reviver.
O albergue estava em obras, por isso fui para a Bahia primeiro, para dar tempo de ficar pronto. Mas a reforma atrasou e a gerente de lá não queria que eu fosse, porém, insisti. Combinei com ela que ficaria apenas a primeira noite e depois procuraria um hotel. Mas não foi bem isso que aconteceu.
Chegando lá, havia apenas um rapaz hospedado, que como eu, também havia teimado em ficar lá. O Juca, advogado, de Santos, havia viajado pra lá apenas para conhecer uma namorada virtual. O conheci logo na recepção, ele estava esperando por ela para dar uma volta e conhecer a cidade e me convidou para ir junto. Como eu não tinha nada a perder, aceitei. E logo na primeira noite fiz duas amizades, ele e a Adriana.
No outro dia, ao acordar, encontrei-me com ele novamente e fomos juntos dar uma volta pelo centro, ao retornarmos no final do dia, encontramos mais um alberguista se hospedando, desta vez, era o Guilherme, também advogado, de São Paulo, que estava mudando de emprego, por isso, tirou uns dias antes de começar na nova empresa e foi viajar. Como ele também estava sozinho, o convidamos para ir assistir ao pôr do sol com a gente, e ele foi. Já éramos três.
Ao chegarmos, já à noite, encontramos mais uma hóspede chegando... Desta vez, era a Bruna, jornalista, de Santo André, que se cansou do trabalho e foi para Belém conhecer a Ilha de Marajó, onde ficou alguns dias e depois desceu de volta pra casa, mas pelo caminho, chegou a São Luis, de lá, queria conhecer o Delta do Rio Parnaíba. Ficamos hospedadas juntas, no quarto coletivo. Já éramos quatro.
E foi no terceiro dia, que chegou o Luis, um maluco, professor de idiomas, de São Paulo, chegou sozinho também. Este sim, é alberguista! Já viajou o mundo inteiro...  Sempre com muito bom humor e criatividade! Foi agregado ao grupo também.
Juntos, fomos conhecer Alcântara, o lugar mais próximo da linha do Equador no Brasil, e o mais quente que eu conheci também.
E foi assim que conheci meus “amigos do Maranhão”, os Camaradas, como nos chamamos. Amigos para a vida inteira! Foi lá, em São Luís, juntos, que conhecemos “Jesus”! Quem já foi ao Maranhão sabe do que estou falando... rs.

E assim encerro, por enquanto, minhas histórias como alberguista! No momento, estou vivendo uma fase de muito trabalho e poucas oportunidades de viajar... Mas para tudo há o seu tempo, né? Espero em breve, fazer novas viagens, conhecer outros albergues e ter novas aventuras para contar!
Enquanto isso vamos viajando pela internet... rs.