sábado, 28 de setembro de 2013

Como abolir o nunca mais?

Eu queria saber quem inventou a expressão “nunca mais”... Porque nada é mais dolorido que pensar que nunca mais veremos alguém que amamos, que nunca mais voltaremos a algum lugar que curtimos, que nunca mais comeremos algo que gostamos, que nunca mais andaremos, enxergaremos, enfim, nunca mais poderemos repetir algo que fatalmente sentiremos vontade.

Nos últimos dias pensei muito sobre tudo isso e percebi que o que nos faz sofrer é acreditar no “nunca mais”! Mas pensar nisso me levou a refletir se ele realmente existe... Quem pode afirmar?? A vida é tão relativa... Tudo muda a todo instante... A natureza, as tecnologias, as pessoas, seus sentimentos e sonhos.

O que nos parece impossível hoje pode acontecer amanhã, ou mesmo daqui a alguns instantes... Por mais que planejemos as coisas a vida sempre nos surpreende! Como diria Shakespeare, “Há muito mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia”,  o que é uma grande verdade, pois nunca sabemos o que a vida nos reserva...

Quando achamos que estamos certos, muitas vezes, estamos completamente enganados! Acreditamos que conhecemos as pessoas com as quais convivemos, mas jamais saberemos o que se passa no íntimo de cada uma delas, a não ser que elas estejam dispostas a se abrir e revelar o que está guardado em seus corações! O que raramente acontece.

E se pensar no “nunca mais” é o que nos causa dor precisamos abolir esta expressão de nossas vidas e não as nossas expectativas! Mas como conseguir esta façanha da noite para o dia? Para isso é necessário vencer o nosso crítico interno, mudar nossa forma de raciocínio, acrescentar novas ideias, novos projetos e utilizar todas as ferramentas que a vida nos oferece, inclusive magias e sonhos.

Podemos começar buscando em nosso arquivo pessoal tudo aquilo que pode nos ajudar, como:  utilizar as nossas experiências, analisando o que deu certo e aquilo que deu errado, porque nada melhor para nos ensinar que os nossos próprios erros; usufruir dos nossos conhecimentos, muitas vezes esquecidos, mas que estão lá guardados para serem usados na hora certa; e resgatar a nossa criança interior, sempre capaz de acreditar no sonho, na fantasia e de que tudo é possível!

É isso! Acho que este é o caminho! Eu não sou Peter Pan para viver na Terra do Nunca, onde ninguém envelhece, mas posso, como a Emília, de Monteiro Lobato, através do Faz de Conta, criar o meu próprio mundo, onde as pessoas envelhecem sim, mas os sentimentos permanecem... Um mundo menor, como o planetinha  do Pequeno Príncipe, onde a existência de uma única flor é o suficiente para fazê-lo feliz simplesmente por saber que ela “está lá, em algum lugar”... E se para Richard Bach “longe é um lugar que não existe”, para mim “nunca mais” pode ser um tempo que jamais chegará!

Gullar afirma que “a arte existe porque a vida não basta”, então por que não usar a literatura e a criatividade para fugir da dor, para superar uma tristeza, para buscar alegria e para não mais sofrer? No meu mundo encantado “nunca mais” não existe, sempre haverá outra chance para esclarecimentos, novos tempos para novas vivências, outras primaveras para renovar as esperanças, muitas flores para alegrar a vida e diversas borboletas para trazer cor e renovação ao coração de seus visitantes.

E assim, finalmente, o “nunca mais” deixará de existir e as pessoas não terão mais motivos para sofrer, porque  o homem é o resultado das suas escolhas e daquilo que acredita ser! Por isso, escolho ser feliz todos os dias, mesmo nos momentos mais difíceis, pois acredito que eu mereço  sempre o melhor da vida! E você também merece, lembre-se sempre disso!



sábado, 7 de setembro de 2013

A liberdade e o tempo

Hoje acordei com sirenes tocando e por um instante não sabia onde estava... Levantei-me assustada e aos poucos percebi que estava em meu quarto... O quarto onde durmo há um ano e meio, mas que não me lembrei ao acordar assustada com o som daquelas sirenes... 

Sirenes dos bombeiros no desfile de 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, que representa a liberdade do país, que deveria representar a liberdade de seu povo, mas que não representa a minha liberdade...

Vivo no presente ligada ao passado... Um passado que não volta mais, mas que insiste em viver presente no meu pensamento... Um pensamento constante que insiste em me manter estagnada, me impedindo de enxergar um futuro de liberdade, livre das amarras do passado.

Mas um passado que insiste em se manter presente é um passado feliz, um passado que ainda tem muito a realizar num futuro próximo! Ou teria se perdido no tempo... Tempo que insiste em passar...

Porém, só o tempo é capaz de curar as feridas, consertar as coisas e colocar tudo em seu devido lugar... E se mesmo com o seu passar ele continua a manter o passado presente é porque o tempo deste passado ainda não acabou!

Passado, presente e futuro estão sempre ligados pelo tempo. E o tempo não tem fim, tem apenas o final de um ciclo e o início de outro, que juntos formarão uma história. E toda história dever ter começo, meio e fim. 

E se o fim desta história ainda não chegou é porque ainda falta muito tempo para eu me libertar do passado... O que não significa que ele deixará de fazer parte da minha vida, porque a vida também não tem fim, mas sim etapas de transformação. E transformar uma vida também leva tempo...

E tudo tem seu tempo para acontecer... Aliás, tempo que espero ter para concluir esta história... Uma história de vidas que se cruzaram, de laços que se formaram, de nós que foram atados... Nós que prendem e impedem a liberdade de ambos.

Liberdade relativa, pois há quem não a possui e que se sente livre! E aquele que é livre, mas se sente preso... Porque a liberdade está na cabeça de cada um e não na condição do indivíduo!

Mas independente da sua condição, o indivíduo que não é livre perante a sociedade sofre as consequências de seus atos supostamente livres, tendo que responder por eles, mesmo com a sua consciência tranquila, pois, muitas vezes, as suas atitudes não condizem com o que a sociedade exige de nós... Então, insisto que a liberdade é relativa!

E é justamente a falta de liberdade que impede a continuidade de uma história... História que só poderá continuar sendo escrita com relativa liberdade... Sendo assim, nesta noite de liberdade, peço: Liberdade, Liberdade, abra as asas sobre nós! Tempo, nos dê tempo, de viver a nossa história... Uma história com final feliz!


domingo, 1 de setembro de 2013

Sarau Cultural

Reunir amigos para tomar cerveja no bar é fácil. O difícil é reunir os mesmos amigos para prestigiar um evento cultural, onde não é permitido bebidas alcoólicas e cigarros... Mas na última sexta-feira este desafio foi enfrentado pelos organizadores do Sarau Cultural, realizado pelo Circolo Italiano e pelo Blog Tangram das Ideias, no Museu da Imigração Italiana de Quiririm, e para alegria de todos foi superado!

O público compareceu para prestigiar diversas atrações, como: apresentação de Dança Italiana do Grupo La Prima Tarantela, Dança do Ventre com Ana Paula Vieria, Dança Flamenca com Rosângela Brussi, a benção da Folia de Reis Estrela da Mantiqueira, Peformance Subversiva com Idiane Dias, Voz e Violão com Julio Mattos e também com Matheus Fersatt, Exposição Filtro dos Sonhos com Ivan Neder, Exposição de Fotos Luzes e Cores de Paraty com Karina Aldrighis e Edson Issamoto, Exposição de Cerâmica com Alexandre Malosti e Convidados, Declamação de Fernando Pessoa por Cesar Cruz e Leituras de Poesias de diversos participantes que se expressaram em nosso Microfone Aberto.

Além das atrações convidadas, o sarau contou com outras ações realizadas pelos próprios organizadores do evento, como: Varal de Poesias, prestigiando poetas locais e homenageando poetas italianos, Árvore Literária, que se tornou destaque na festa e ponto de parada para fotografias, pois, além dos livros pendurados, estava decorada com velas, flores, peças artísticas cedidas por Ivan Neder, chita e almofadas que deixaram o ambiente ainda mais alegre e acolhedor. Houve também a distribuição de livros da Campanha de Incentivo à Leitura do Tangram das Ideias, e, para finalizar, uma nova ação do blog, a Chuva de Poesias, composta de 1200 poesias impressas em papéis coloridos, dos poetas imortais: Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Mário Quintana, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa, Cora Coralina e Cecília Meirelles, além dos mortais, Alessandro Bertholli, Alexandre Malosti, Karina Aldrighis, Teresa Bendini e eu, Lucimara Fernandes, poetas locais. Do alto do casarão, construído há mais de um século, a chuva de papéis coloridos e prateados alegrou o ambiente e ficou registrada pelas lentes dos fotógrafos presentes e na memória de todos os participantes do evento.

O sucesso do evento, organizado em apenas uma semana, com a colaboração de amigos e sem verbas de patrocínio, prova que é possível reunir pessoas para eventos culturais, valorizar a arte e cultura com poucos recursos e com muita boa vontade, que há interesse dos artistas em expressar os seus talentos e do público em prestigiar!

Espero que este tenha sido o primeiro de muitos saraus organizados por esta parceria com o Circolo Italiano e que a cada edição haja mais público e novas atrações. Que não nos faltem inspiração para criação de novas ações culturais e sinergia dos amigos para os próximos eventos!

Valeu!!