domingo, 7 de outubro de 2012

Que país é esse?


Esses dias me perguntaram, aqui mesmo no blog, se eu acho que o povo brasileiro é acomodado... Eu respondi que não. E hoje, após a votação, eu voltei para casa pensando: Que país é esse?

Você pode estar se perguntando onde eu quero chegar com essas duas questões, mas logo entenderá.

Que país é esse que se diz democrático, mas que obriga a população a votar? Se vivêssemos mesmo em uma real democracia não deveríamos ter o direito de escolher se queremos ou não participar das eleições?

E se não fôssemos obrigados a escolher os candidatos, será que o resultado das eleições não seria melhor para todos? Pois aqueles que se dispusessem a votar, provavelmente, fariam escolhas mais conscientes e elegeriam melhor os nossos representantes.

Por outro lado, obrigando a todos a votar torna-se mais fácil manipular as massas e conseguir eleger candidatos por influência da mídia, colocando no poder aqueles que interessam aos partidos, ao governo e a todo o sistema, menos à população.

Porém, considerando que somos oriundos de um país que se desenvolveu sendo colonizado e depois passou por um grande período de ditadura militar, conquistar o direito de votar e escolher os seus representantes, exercendo a sua cidadania, é uma grande vitória. Pena que esta conquista não foi seguida de investimentos na área da educação, entre tantas outras necessidades negadas aos brasileiros, porque aí sim a população teria melhor senso crítico, maior capacidade de analisar os fatos, de comparar situações e de fazer melhores escolhas.

Mas é justamente aqui que eu queria chegar para falar do povo brasileiro! Como chamar de acomodado um povo que passa por tantas restrições, tantas dificuldades financeiras e mesmo assim não perde as esperanças e continua acreditando na oportunidade de um mundo melhor?

Como chamar de acomodadas pessoas simples, do povo, sem uma formação básica de educação e muito menos profissional, mas que se candidatam a cargos políticos acreditando que podem transformar o mundo?

De onde vem esta força, esta coragem de dar a cara a tapa e enfrentar uma campanha política sem ter a menor noção do que precisaria fazer para gerar as tão sonhadas mudanças no município onde moram?

Por que, muitas vezes, pessoas estudadas e preparadas profissionalmente não conseguem ter a mesma força para seguir sua trajetória e alcançar bons resultados na política?

O que é necessário para ser um bom político? Formação? Informação? Capacidade de liderança? Bom relacionamento com a comunidade? Boas parcerias partidárias? Ou simplesmente ter cara de palhaço, conseguir se eleger e se deixar manipular pelo partido como um pau mandado?

Se o mercado de trabalho exige tanta qualificação para absorver profissionais porque o governo não exige o mesmo nível de qualificação dos candidatos aos cargos políticos?

Como chamar de democrático um país que elege um torneiro mecânico para Presidente da República e um palhaço para Deputado Federal, mas não dá oportunidade para um engenheiro recém formado porque ele não tem experiência? Por que o esforço desse jovem para se formar em um país que não oferece um ensino público de qualidade não é valorizado?

Como chamar de acomodado um eleitor que vende seu voto por uma dentadura ou por uma cesta básica, se o país democrático em que vivemos não permite que o trabalhador possa pagar um tratamento dentário ou alimentar a sua família com dignidade?

Como julgar um povo de acomodado se a política assistencialista deste país insiste em convencer a população que está fazendo o melhor para a nação?

Como escolher o melhor candidato quando nenhuma das opções é a que você gostaria de ter?

Como acreditar que o candidato escolhido não irá se corromper quando fizer parte do sistema?

Como não perder as esperanças presenciando tanta corrupção na política e assistindo a tanta palhaçada todos os dias?

Que país é esse onde uma escritora não é capaz de concluir o texto porque não há respostas para todas essas perguntas?

Onde eu quero chegar com este post? Apenas ao ponto de reflexão: Que país é esse?


6 comentários:

Luci Rosa disse...

Acredite! esse yexto me emocionou.

Lucimara Fernandes disse...

Oi Luci,
Bom saber que alguém compartilha a minha dor... as minhas dúvidas.
Obrigada!
Um grande abraço!

Josimara Neves disse...

Olha, Lucimara, eu também me faço tais questionamentos. Vivo me perguntando qual a finalidade de exercer a cidadania se nos restam alternativas do tipo: ficar em dúvida entre votar no João da Bosta ou no Zé da Merda! Também me pergunto: anular o voto é uma forma de desperdício ou seria uma atitude de não querer ser cúmplice dessa política de "pão e circo?" De fato, são muitas as indagações sem respostas. Acredito que o povo brasileiro é guerreiro, lutador, persistente, mas também também tem o seu lado acomodado, principalmente, porque entra ano e sai ano, mas as críticas continuam as mesmas, os desfechos são sempre parecidos e aqueles que fazem parte da elite pensante desse país cabe quase sempre: a I-N-D-I-G-N-A-Ç-Ã-O!

Lucimara Fernandes disse...

Oi Josi, que bom te ver por aqui!
Realmente é muito complicado, porque tudo isso é uma grande bola de neve... Muita coisa precisa ser mudada para começar a aparecer resultado... E isso leva tempo!! Tem muito jogo de interesse por trás disso tudo... Difícil encontrar uma solução, mas os "pensadores" não podem desistir... Porque é esta minoria que, com muita paciência e persistência, aos poucos consegue mudar as coisas...
A INDIGNAÇÃO é necessária para que haja mudança!
Obrigada pela participação!
Um grande abraço!

Marli disse...

Oi Lu, tentei de todas as formas ler seu texto durante o dia (no trabalho), pois tenho tempo, mas não consegui. Achei o tema tão interessante, que mesmo sendo hora de ir pra cama, resolvi ligar o computador em casa.
Bom, vamos lá. Um outro país onde o voto é mandatório é a Austrália, pois sendo um país enorme, possui uma pequena população. O Brasil já não precisaria desse recurso, pois somos quase 200 milhões. Também acho que o voto não deveria ser obrigatório.
Concordo com grande parte de seu post e também me questiono. O único ponto que não concordo é onde vc comenta sobre a ´política assistencialista´do Brasil. Os países mais ricos, avançados em tecnologias, educação, medicina, entre outros, são todos assistencialistas. Os países escandinavos pagam cerca de 7 mil euros para cada criança que nasce. A França paga pensões para pais com muitos filhos. A Suíça paga 80%do último salário de um desempregado por até 2 anos. Nem por isso, achamos que os escandinavos, franceses e suíços são pregiçosos e vão procurar emprego, terão mais filhos, só para ganhar mais recursos de seus governos.
Fico muito chateada em ouvir pessoas reclamarem que o governo dá bolsa-escola. Na minha época, minha mãe tinha dois a três empregos para poder nos mandar para a escola. Eu sonhava em ter uma mãe em casa quando eu chegasse da escola. Se houvesse bolsa-escola (como há em diversos países ricos), minha mãe talvez pudesse se dar ao luxo de ter um ou dois empregos somente para poder dar mais atenção aos filhos. Eu ganhei bolsa de estudo para a faculdade, mas isso não fez de mim uma pessoa aproveitadora. Aliás, valorizei ainda mais os estudos, pois sabia como era um privilégio eu estar ali.
O problema atual do Brasil é no meu ver a educação. Quando pudermos oferecer educação de qualidade ao povo, aí sim veremos mudanças.

Parabéns por sempre ter assuntos tão reflexivos.
Abs,

Lucimara Fernandes disse...

Oi Marli!!!
Fico muito feliz e lisonjeada ao saber que deixou de dormir para ler o meu post!! Sinal que o tema realmente te chamou atenção!
Quando eu digo que não concordo com a política assistencialista do Brasil, eu não quero dizer que o Governo não deve ajudar o povo, não é isso... Eu acho que o Governo realmente deveria oferecer uma estrutura melhor à população, em relação à segurança pública, saúde e educação, pois garantindo uma boa qualidade de vida as pessoas teriam melhores condições de investir em suas carreiras e conquistar os seus objetivos! Mas aqui no Brasil não é isso o que acontece... Os trabalhadores continuam sendo explorados, ganhando mal, e, por isso, muitas vezes, precisando ter mais de um emprego para muito mal sustentar as suas famílias... E o valor pago pelo Bolsa Família não resolve o problema... O Governo dá uma esmola e continua não dando oportunidade para o trabalhador progredir ou ter uma vida melhor.
Concordo com você, o maior problema do Brasil é com a Educação, ou melhor, com a falta de...
Obrigada, minha amiga, pelo comentário!
Grande beijo! E boa noite!!