domingo, 16 de setembro de 2012

Anseios da vida


Dizem que a ansiedade é o mal do século, pois nos últimos tempos ela passou a fazer parte da vida de todos nós... É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tantos compromissos e uma eterna busca por algo que não sabemos o que é, onde está ou como encontrar, que o tempo parece passar cada dia mais depressa e nos faltam horas para realizar tudo o que gostaríamos... Quando percebemos o dia acabou e não conseguimos dar conta de tudo o que havíamos planejado.

Se não conseguimos administrar bem o nosso tempo como conseguiremos administrar direito a nossa vida? Estamos sempre fora de órbita, uma hora com o pensamento no passado, relembrando e tentando reviver, ou pior, mudar, o que já passou, outrora no futuro, nos preocupando com o que queremos conquistar, mas que, muitas vezes, ainda está muito longe de acontecer...

Quando e como conseguiremos viver o presente, um dia de cada vez, livres dos pesos que o passado e o futuro colocam em nossas costas?

Mesmo para quem acredita em vida após a morte, esta vida, esta encarnação, é muito curta para ser desperdiçada! É aqui e agora que precisamos viver, acertando ou errando, mas vivendo, experimentando e aprendendo! E não nos acomodando e deixando a vida passar como se tivéssemos todo o tempo do mundo a nossa frente! Se o futuro vier, se houver mesmo outras encarnações, poderemos aproveitá-las muito melhor se tivermos usufruído cada minuto vivido em nosso dia a dia!

Chega de esperar por dias melhores, é preciso fazer acontecer! Como relembra Cortella, sobre Paulo Freire, “não confundamos a esperança do verbo esperançar, com a esperança do verbo esperar”, e nos explica tão bem essas diferenças: “Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, é não desistir! É levar adiante, é nos juntar com outros para fazer de outro modo. Pode-se ver claramente que a esperança do verbo esperançar é dinâmica, enquanto a outra é estática, congelada, por vezes covarde... A esperança nos convida a pensar: Violência? O que posso eu fazer? Desemprego? O que posso eu fazer? Fome? O que posso eu fazer? Corrupção? O que posso eu fazer? Sempre teremos o que fazer. Sempre teremos uma contribuição a dar, nem que seja pelo nosso exemplo de agir no bem, nas pequenas questões do dia a dia. Todos devemos nos perguntar: O que estamos fazendo por uma sociedade melhor? Qual está sendo a nossa contribuição? O que podemos fazer a mais para ajudar? Não nos é pedido em demasia, pois muitos fazendo, um pouco que seja, já gera transformações, gera movimentos, revoluções silenciosas... Não se faz necessário muito, apenas não ceder à acomodação viciante, à indiferença paralisante, à alienação mortificadora. O que posso eu fazer? O que você pode fazer para melhorar o mundo?”

E se podemos, com pequenos gestos, melhorar o mundo, quanto podemos melhorar nossas próprias vidas? Como dizia Gandhi, “seja a mudança que você quer ver no mundo”, pois só mudando, primeiramente, a nós mesmos poderemos ver os reflexos dessas mudanças no mundo que nos cerca.

Anseios, todos nós temos. Só não podemos permitir que esta ansiedade nos prejudique, fazendo com que nos atropelemos nas coisas, e nos impeça de enxergar novos caminhos quando estamos perdidos. Precisamos aprender a transformar esta ansiedade em uma força motivadora para seguirmos em frente e atingirmos os nossos objetivos.

Não nascemos prontos, estamos aqui para aprender! Chega de esperar, é preciso experimentar para fazer acontecer!


Fonte sobre a citação do filósofo Mario Sérgio Cortella:
Livro do autor: Não nascemos prontos – Provocações filosóficas.



4 comentários:

Estante Velha disse...

Do dever de ter sucesso ao dever de se divertir no "tempo livre", sempre esperando por algo, apagando o agora para desenhar o futuro...
Muito interessante a colocação sobre a duas "esperanças", confesso que só tenho visto um tipo de esperança ultimamente.

Texto propício a indagações e reflexões, parabéns!

Karina Aldrighis disse...

Lu, Alavancar, este também é um verbo importante, que combina direitinho com seu texto. O povo brasileiro tem por tradiçao a "fama" de ser um povo "acomodado", vc acredita nisso? Será que lhe falta a "alavanca" para dar o primeiro passo e promover as tantas mudanças necessarias? Fica a pergunta, Amiga, super otimo e reflexivo texto. bjs

Lucimara Fernandes disse...

Oi Rafa!!
Que bom te ver por aqui outra vez!
Fico feliz que tenha gostado do texto e que tenha conseguido provocar reflexões... Eu estive em uma palestra do Cortella há poucos dias e lá ouvi esta colocação sobre as esperanças... Achei muito interessante também e por isso quis repassá-la no meu texto! Recomendo a você a leitura dos livros dele, todos muito reflexivos!! Ah! E falando em dica de leitura, eu comprei o livro da Clarice e do Sabino que você me indicou... rs. Estou adorando! Obrigada, pela dica e pelo comentário do post.
Beijos

Lucimara Fernandes disse...

Querida Karina!
Obrigada pelo comentário e por acrescentar um novo ponto de vista ao texto! Com certeza, alavancar caberia direitinho neste raciocínio... Pode gerar um novo post para complementar este... rs.
Quanto à fama dos brasileiros, eu acho que não podemos generalizar... Porque, se por um lado uma parte da população se acostumou ao assistencialismo oferecido por nossos governantes, por outro, presenciamos todos os dias a luta diária de um povo para manter o sustento de suas famílias... pessoas humildes, muitas vezes, analfabetas, batalhando para dar um futuro melhor aos seus filhos! Eu acredito que o Estado gosta de manter esta imagem de que o povo é acomodado para se manter no poder, manipulando as massas... Mas, graças a Deus, temos muita gente batalhadora e que corre atrás do seu futuro sem esperar por migalhas...
O povo brasileiro tem força! Tem garra! E eu acredito que este povo ainda há de alavancar este país!!
Obrigada por esta reflexão!!
Um grande beijo!