domingo, 23 de setembro de 2012

Espírito de Equipe


Ao contrário do que costumamos ouvir, não nascemos e não morremos sós. Eu, como kardecista, acredito que estamos sempre sendo assistidos por amigos espirituais que nos acompanham e amparam em todos os momentos de nossas vidas, inclusive nas horas de nascimento e desencarne, pois estamos todos ligados em um projeto reencarnatório, que será concretizado com a participação de todos, interligados e com foco no mesmo objetivo. Mas esta é apenas uma crença de fundamento filosófico e religioso, daqueles que acreditam em reencarnação.

Escolhi este exemplo para iniciar o post justamente por não ser uma crença geral, pois a partir de agora os exemplos servirão a todos. Porém, para chegar onde eu quero com este raciocínio é necessário que todos saibam a diferença entre grupo e equipe, porque só assim é possível compreender a importância de se trabalhar ou viver com espírito de equipe.

Para começar, é preciso ficar muito claro que “toda equipe é um grupo, mas nem todo o grupo é uma equipe”. Então, qual seria a diferença entre eles? A diferença é que apesar de ambos serem agrupamentos de indivíduos com interesses comuns, no grupo não há o mesmo comprometimento dos integrantes para atingir as metas desejadas e, muito menos, parceria e união para se chegar aos resultados. Em um grupo onde há espírito de equipe a comunicação é fundamental, as informações são compartilhadas, as estratégias são traçadas em comum acordo e todos estão cientes da importância do bom desempenho de cada membro da equipe, o que proporciona ajuda mútua e maior motivação no dia a dia. No grupo há concorrência entre os integrantes. Na equipe há união entre os parceiros.

Muitas vezes, as pessoas estão reunidas por acaso, e não porque escolheram a companhia daquelas pessoas, mas simplesmente porque querem fazer parte daquele grupo que compartilha os mesmos interesses, como acontece, na maioria das vezes, nos ambientes de trabalho ou nas práticas esportivas, porém, o que definirá se este grupo se tornará uma equipe, ou não, será o comportamento de seus integrantes.

Já nos relacionamentos pessoais, família, namoro, casamento, amizade, as pessoas se aproximam não só pelos interesses comuns, mas, principalmente, por afinidade, afeto e amor.  E é justamente aqui que eu queria chegar! Pois são nesses casos que, muitas vezes, esquecemos da importância de convivermos com espírito de equipe, o que gera aborrecimentos, conflitos e separações desnecessárias, que poderiam ser evitadas, se houvesse mais união e comprometimento de cada um para uma convivência mais harmoniosa.

Infelizmente, nos últimos tempos, temos visto pessoas cada vez mais individualistas, lutando por seus objetivos como verdadeiros gladiadores, numa guerra, onde vence o melhor. Acredito que a concorrência do mercado de trabalho vem proporcionando este comportamento que, muitas vezes, é transferido para as relações afetivas, gerando uma bola de neve.

Precisamos frear esta bola. Impedir que este comportamento se torne comum e modelo para as próximas gerações. Precisamos pensar no coletivo antes de pensar individualmente. Precisamos entender que fazemos parte de um grande quebra-cabeça, onde cada peça é fundamental. Precisamos aprender a viver com espírito de equipe em todas as áreas de nossas vidas! Só assim o mundo se tornará melhor e as pessoas mais felizes!

Não nascemos e não vivemos sós, vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros para sobreviver! 


domingo, 16 de setembro de 2012

Anseios da vida


Dizem que a ansiedade é o mal do século, pois nos últimos tempos ela passou a fazer parte da vida de todos nós... É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tantos compromissos e uma eterna busca por algo que não sabemos o que é, onde está ou como encontrar, que o tempo parece passar cada dia mais depressa e nos faltam horas para realizar tudo o que gostaríamos... Quando percebemos o dia acabou e não conseguimos dar conta de tudo o que havíamos planejado.

Se não conseguimos administrar bem o nosso tempo como conseguiremos administrar direito a nossa vida? Estamos sempre fora de órbita, uma hora com o pensamento no passado, relembrando e tentando reviver, ou pior, mudar, o que já passou, outrora no futuro, nos preocupando com o que queremos conquistar, mas que, muitas vezes, ainda está muito longe de acontecer...

Quando e como conseguiremos viver o presente, um dia de cada vez, livres dos pesos que o passado e o futuro colocam em nossas costas?

Mesmo para quem acredita em vida após a morte, esta vida, esta encarnação, é muito curta para ser desperdiçada! É aqui e agora que precisamos viver, acertando ou errando, mas vivendo, experimentando e aprendendo! E não nos acomodando e deixando a vida passar como se tivéssemos todo o tempo do mundo a nossa frente! Se o futuro vier, se houver mesmo outras encarnações, poderemos aproveitá-las muito melhor se tivermos usufruído cada minuto vivido em nosso dia a dia!

Chega de esperar por dias melhores, é preciso fazer acontecer! Como relembra Cortella, sobre Paulo Freire, “não confundamos a esperança do verbo esperançar, com a esperança do verbo esperar”, e nos explica tão bem essas diferenças: “Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, é não desistir! É levar adiante, é nos juntar com outros para fazer de outro modo. Pode-se ver claramente que a esperança do verbo esperançar é dinâmica, enquanto a outra é estática, congelada, por vezes covarde... A esperança nos convida a pensar: Violência? O que posso eu fazer? Desemprego? O que posso eu fazer? Fome? O que posso eu fazer? Corrupção? O que posso eu fazer? Sempre teremos o que fazer. Sempre teremos uma contribuição a dar, nem que seja pelo nosso exemplo de agir no bem, nas pequenas questões do dia a dia. Todos devemos nos perguntar: O que estamos fazendo por uma sociedade melhor? Qual está sendo a nossa contribuição? O que podemos fazer a mais para ajudar? Não nos é pedido em demasia, pois muitos fazendo, um pouco que seja, já gera transformações, gera movimentos, revoluções silenciosas... Não se faz necessário muito, apenas não ceder à acomodação viciante, à indiferença paralisante, à alienação mortificadora. O que posso eu fazer? O que você pode fazer para melhorar o mundo?”

E se podemos, com pequenos gestos, melhorar o mundo, quanto podemos melhorar nossas próprias vidas? Como dizia Gandhi, “seja a mudança que você quer ver no mundo”, pois só mudando, primeiramente, a nós mesmos poderemos ver os reflexos dessas mudanças no mundo que nos cerca.

Anseios, todos nós temos. Só não podemos permitir que esta ansiedade nos prejudique, fazendo com que nos atropelemos nas coisas, e nos impeça de enxergar novos caminhos quando estamos perdidos. Precisamos aprender a transformar esta ansiedade em uma força motivadora para seguirmos em frente e atingirmos os nossos objetivos.

Não nascemos prontos, estamos aqui para aprender! Chega de esperar, é preciso experimentar para fazer acontecer!


Fonte sobre a citação do filósofo Mario Sérgio Cortella:
Livro do autor: Não nascemos prontos – Provocações filosóficas.



domingo, 9 de setembro de 2012

Independência ou Morte?!


Uma indagação ou uma constatação? Não sei... Por isso escolhi este tema. Não estou aqui para dar aula de história, apenas para refletir sobre o tema “Independência ou Morte”, mas acho conveniente relembrar, pois apesar de termos comemorado o Dia da Independência na sexta-feira, dia 07 de Setembro, muitos não se lembram que nesta data ficamos “livres” da Colonização Portuguesa que nos foi imposta desde o “descobrimento” do Brasil até 1822.

Esta semana eu li um post no Facebook, de um amigo, Fabrício Camargo, contando o comentário feito por seu filho de 9 anos, “de que nada adianta comemorar esta data se ninguém faz nada para a violência e a carência do nosso povo...”. Fiquei impressionada com a lucidez desta criança e desde então venho pensando sobre a nossa tão sonhada liberdade.

Conquistar a liberdade nem sempre é a solução dos problemas, se depois não saberemos como lidar com ela... Liberdade exige responsabilidade, seriedade, iniciativa, autonomia, conhecimento e capacidade de ser realmente livre. 

Sei que toda nação quer e merece ter liberdade, ter suas próprias leis e seus próprios ideais, mas, no caso do Brasil, deixamos de ser colonizados por Portugal para nos tornarmos dependentes de um sistema capitalista, que hoje, com a globalização, atinge todo o mundo. E pior, onde, muitas vezes, o ter se torna mais importante que o ser.

E não estou falando apenas em ter mais coisas materiais, e sim de ter mais poder, mais status, ao invés de ter mais conhecimento, autonomia e sensibilidade para administrar um país, uma empresa ou a própria vida.

Em muitos aspectos continuamos sendo escravos de um sistema, de uma ideologia, de uma sociedade, ou de um conjunto dessas coisas, que nem sempre nos proporciona felicidade. Somos livres para pensar e até mesmo para expressar as nossas ideias, mas nem sempre para agirmos conforme elas. E quando escolhemos viver com esta tal liberdade pagamos um preço muito alto. Por isso, precisamos estar preparados para enfrentar as consequências desta escolha, para nos adaptarmos ao tempo das coisas e às dificuldades do dia a dia, sem permitir que essas adversidades nos façam desistir, porque esta seria a maior tragédia!

Afinal, como sempre relembra Cortella, “a tragédia do homem não é quando ele morre”, mas sim, como disse o grande filósofo Albert Schweitzer, “tragédia é aquilo que morre dentro de um homem que ainda vive”!

A vida é um jogo, onde precisamos aprender a administrar o nosso tempo para realizar a nossa missão. Vence aquele que é capaz de jogar sem jamais deixar morrer um sonho, um desejo, um objetivo, sem antes lutar para realizá-lo, fazendo desta luta a sua motivação para seguir em frente, para viver conforme suas crenças e para ser feliz todos os dias de sua vida! 

Independência ou Morte? Acredito que a melhor resposta seja: Felicidade e Vida!



sábado, 1 de setembro de 2012

Intolerância

Hoje vou começar o texto com uma pergunta: Porque o ser humano é tão intolerante com os erros dos outros e tão paciente com os próprios erros? Digo “ser humano” porque também me incluo nessa... Mas o que está me incomodando hoje e quero dividir com vocês é a questão de um pequeno erro cometido simplesmente parecer muito maior que todas as outras coisas que fazemos certas.

Atualmente estamos vivendo uma fase de transição global e, consequentemente, de constantes mudanças individuais, o que vem gerando cada vez mais insatisfações em todos os aspectos, seja na carreira profissional ou na vida pessoal, estamos sempre fazendo e ouvindo reclamações, há sempre alguma coisa nos incomodando, tanto no outro como em nós mesmos. 

Porém, nem sempre admitimos ou revelamos aquilo que nos incomoda em nós, porque reparar no erro do outro é muito mais fácil. Julgar, condenar e criticar é mais simples que analisar e tentar entender o outro. Reparar no erro do outro é muito mais cômodo que fazer uma auto-análise, reconhecer os próprios erros e tentar mudar a si mesmo.

Sabemos que mudar não é fácil... Que toda mudança gera medo, receio das consequências e de enfrentar o novo. Por isso, para mudar é preciso coragem. Mas como diz Cortella, “coragem não é ausência de medo, coragem é a capacidade de enfrentar o medo”. E para complementar esta frase usarei outra citação do mesmo autor “Medo é um estado de alerta. Pânico é a incapacidade de ação”, ou seja, o medo não deve nos impedir de mudar, deve apenas nos deixar atentos aos riscos e nos ajudar a preparar melhor as nossas estratégias de mudança antes que entremos em pânico, o que só podemos evitar se tivermos coragem de mudar antes que isso aconteça.

Precisamos ter coragem de admitir os nossos próprios erros, enfrentar os nossos medos e mudar, mudar aquilo que nos incomoda primeiro, antes de criticar aquilo que nos incomoda no outro. Pois só quando nos tornarmos tolerantes com os nossos próprios defeitos estaremos prontos para aceitar o outro como ele é, com seus defeitos e suas virtudes.

Ninguém é perfeito, vivemos em um mundo de provas e expiações, todo ser humano tem defeitos e qualidades, mas, infelizmente, mesmo que as nossas virtudes sejam perceptíveis, os nossos erros sempre estarão em maior evidência aos olhos do outro. Não é possível agradar a todos, nem mesmo Jesus Cristo, o único homem perfeito que passou pela Terra, conseguiu esta proeza, foi julgado, condenado e crucificado por isso.

E nós somos “crucificados” todos os dias pela sociedade, muitas vezes injustamente... Precisamos aprender a viver com o peso desta cruz, mas sem sofrer com isso. Precisamos aprender a ser mais tolerantes, ou seja, aguentar em silêncio, sem reclamar, pois, na maioria das vezes, as pessoas não toleram ouvir reclamações e, muito menos, a verdade.

Precisamos encontrar um caminho para convivermos em paz. E a paz só é possível com tolerância! Não podemos mudar o mundo sozinhos, mas podemos mudar a nós mesmos. O mundo precisa de paz!