domingo, 5 de agosto de 2012

Inversão de Valores - Parte IV - Sobre Prestigiar

Há algum tempo venho refletindo sobre a inversão de valores da nossa sociedade... E hoje, comentando o post da minha amiga e parceira neste blog, Karina Lapido, despertei para outro aspecto que há muito vem sendo desvalorizado: a importância de prestigiarmos as pequenas conquistas do dia a dia daqueles que convivem conosco!

No post da Karina ela fala da falta de valorização dos atletas brasileiros que estão participando das Olimpíadas deste ano e que, por não estarem conquistando muitas medalhas, estão tendo as suas participações consideradas como decepcionantes... Enquanto, na verdade, simplesmente por terem chegado até lá (muitas vezes, sem incentivo e patrocínio) já deveriam ser considerados vencedores! Mas sobre este assunto, sugiro a todos que leiam o post da Karina que trata muito bem esta situação.

O que eu quero lembrar é que ao prestigiarmos alguém, por menor que seja a sua conquista, estamos elevando a sua moral, reconhecendo o seu esforço e a sua dedicação para concluir uma obra e incentivando-o a seguir em frente! Aliás, como já falei em outro post, sobre Reconhecimento, todos nós precisamos de estímulos, para nos sentir motivados, e gostamos de ter o nosso trabalho reconhecido. E para isso não precisamos apreciar a atividade do outro, apenas valorizar a sua dedicação e a sua conquista.

E, neste post, quero enfatizar a importância de prestigiarmos as manifestações artísticas!  Pois tenho observado grandes eventos culturais com pouca participação do público, exposições artísticas belíssimas com poucos visitantes, blogs interessantes pouco visualizados, posts espetaculares que não são comentados, intervenções culturais que não são cobertas pela mídia local, enfim, diversas manifestações artísticas que não são valorizadas nem mesmo pelas pessoas do meio... Muito menos pela comunidade. Se pelo menos os parentes e os amigos participassem, apenas por consideração aos criadores dessas atividades, já estariam prestigiando a arte e os artistas locais, dando força e incentivo à continuidade do movimento.

Está na hora de mudarmos o paradigma de que o artista só tem prestígio após a sua morte. A valorização e o reconhecimento de um trabalho precisam nascer junto com a obra, e aí, sim, a partir do seu sucesso, ser mais valorizado a cada dia. E o grande sucesso só chegará para aquele que for prestigiado primeiramente pelos familiares e amigos mais próximos, pela mídia e pelos críticos locais. Se o trabalho é bom ou não, cabe aos críticos avaliar, aos amigos e aos parentes, apenas prestigiar.

O artista precisa ser prestigiado porque a arte é necessária para a subsistência da humanidade. Afinal, como diz Ferreira Gullar: “A arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida. A arte existe porque a vida não basta”. E se a arte é tão importante para a manutenção da vida, o artista não pode morrer, mas para continuar produzindo ele precisa ter público.

A sua presença em um evento cultural é a maior força moral que você pode dar a um artista e o melhor reconhecimento de sua obra!  Prestigiar uma manifestação artística não significa apenas que você aprecia a obra de um determinado artista, mas sim que você aprecia a vida!


2 comentários:

Anônimo disse...

É verdade minha amiga Luluzinha, eu sei bem o que é isso, a décadas venho criando (com a contribuiçao decisiva de alguns poucos amigos) eventos culturais, e observo como é difícil agregar pessoas em torno dessa causa. Geralmente temos um bom público, quando muitos vão para rebecer algum prêmio ou reconhecimento. Aprendi com o tempo que o que importa de fazer tudo com extremo amor e aqueles que não prestigiam, são os que mais perdem. Nossa batalha continua.
Beijão.
André Bianc

Lucimara Fernandes disse...

Verdade André Bianc!!
Não é isso que nos fará desistir!!
Bjs