terça-feira, 2 de novembro de 2010

Retrato Falado - Denise Fraga

Eu sempre gostei muito da Denise Fraga e do quadro Retrato Falado, então, em 06/08/2002, escrevi uma história, vivida em 1997, para ela contar no programa. Mas infelizmente, isso nunca aconteceu... E hoje, pensando na próxima matéria para publicar neste blog, lembrei-me disso!
O texto é longo, mas quem tiver paciência de ler com certeza vai se divertir... rs. E conhecer a aventura de duas grandes amigas! Por isso, resolvi contar essa história do fundo do baú para homenagear minha querida amiga Márcia!
E quem sabe, depois de todos esses anos, a Denise Fraga venha conhecer nossa história? Afinal, na internet todos os encontros são possíveis... rs

Segue o texto na íntegra, apenas excluí nossos dados para contato, pois já não são mais os mesmos...


Títulos sugeridos: 
          
AMIGAS ATRAPALHADAS – DIVERSÃO GARANTIDA
ou
PEQUENOS DESENCONTROS – GRANDES AMIGAS,

Denise Fraga,

Gostaríamos de contar uma história que foi para nós, o marco inicial de uma grande amizade!!
Eu, Lucimara, paulista, nascida em  Taubaté.  Márcia, carioca, nascida em Niterói, ambas aquarianas... ou melhor, atrapalhadas... Nos conhecemos em São Paulo, cidade que por coincidência, escolhemos para trabalhar e morar.
Nos simpatizamos logo de início, começamos a sair para tomar um choppinho depois do trabalho, bater papo, e assim foi indo.... Até quando marcamos a nossa primeira viagem juntas.... É aqui que começa nossa história!!
Como minha família e meu ex-namorado moram em Taubaté, apesar de morar em Sampa, nessa época, costumava passar os fins de semana no interior. Havia marcado com uns amigos de viajar para um sítio em São Bento do Sapucaí, há mais ou menos 80 km de Taubaté, e a convidei para ir comigo.  Meus amigos foram na sexta-feira, como eu trabalhava no sábado, apenas o meu namorado e um amigo ficaram nos esperando para irmos juntos no dia seguinte. Combinamos que eu trabalharia até ao meio-dia, pegaria o metrô, encontraria a Márcia no Terminal Tietê e pegaríamos o ônibus das 13h, chegando em Taubaté as 15h. Eles já estariam prontos e iríamos todos para o tal sítio, onde chegaríamos antes das 17h com certeza!! Mas não foi bem assim que as coisas aconteceram....
***
Somos atrapalhadas, confusas e com isso, as vezes não conseguimos trabalhar direito com o tempo, as horas, ou mesmo com os minutos.... Que em determinadas circunstâncias faz muita diferença!
Como diz Richard Bach, “os semelhantes se atraem”, o que significa no nosso caso, muita confusão!!
***
A Marcia tinha a manhã inteira para se arrumar e estar na rodoviária no horário combinado, mas como o universo todo conspira para contribuir com as nossas confusões, ela acabou saindo de casa um pouquinho atrasada... ou calculou o tempo errado... Sei lá!! Morava nessa época, em Pinheiros, precisaria então pegar um circular na Av Rebouças, descer na Consolação e pegar o metrô para o Tietê.  Simples, né?? Não nesse caso!! O ônibus atrasou e quando ela percebeu que não ia dar tempo, decidiu pegar um taxi, porém, o trânsito também colaborando, estava congestionado.
***
Nisso, eu estava saindo do trabalho, na Praça da República, peguei o metrô, cheguei a rodoviária na hora certa, comprei as passagens e fiquei esperando-a no local combinado. O tempo foi passando, ela não chegava, e comecei a me preocupar!! Será que ela me deu furo?? Afinal, ainda não nos conhecíamos muito bem e não tinha certeza de que ela era realmente ponta firme!! Haviam outras pessoas envolvidas na situação, pois meu atraso, prejudicaria também quem estava me esperando em Taubaté.
Nessa época, ainda não tínhamos celular e na casa da Marcia também não tinha telefone, ou seja, estávamos incomunicáveis.  Tínhamos uma amiga em comum, com a qual ela morava, que tinha um celular de Caraguatatuba  que nunca funcionava direito e um bip, muito usado naquela época. Tentei ligar para esse celular várias vezes e mandei diversas mensagens para a Marli, tentando saber notícias da Marcia. Assim ela poderia ligar para Taubaté, falar com a minha irmã e eu, da rodoviária em São Paulo, poderia ligar para casa de meus pais para saber o que estava acontecendo. Meio confuso, né?? Mas era o único jeito, pois eu não tinha nem mesmo um bip!!
Deixei  todos em Taubaté também preocupados, sabendo da confusão e cientes de que provavelmente a minha amiga não iria mais....
Fiquei no local combinado até o último instante, acabei vendendo a passagem dela, quase perdi o ônibus, o motorista precisou parar e novamente abrir a porta para eu entrar, e fui embora sozinha! Algo me dizia que eu deveria ter esperado mais um pouco que ela chegaria. Mas isso significava uma hora de atraso na programação.
Viajei preocupada, o rapaz ao meu lado percebeu a minha inquietação, perguntou o que havia acontecido, contei-lhe a história e ele ainda ficou fortalecendo o meu arrependimento por ter embarcado, dizendo que ela deveria ter chegado logo depois de termos saído... O que tornou a minha viagem ainda pior!!
Deveria confiar mais na minha intuição, pois ela e o rapaz estavam certos...  Foi exatamente o que aconteceu!
***
Cinco minutos após o ônibus ter saído, chega a Marcia correndo na rodoviária!! Percebendo o ocorrido, se dirigiu ao guiche da companhia de viação para saber alguma notícia minha, mas não souberam informá-la de nada. Vendo que eu não estava lá, resolveu passar uma mensagem para o bip da Marli, avisando do atraso. Ao abrir a bolsa, percebeu que na hora de arrumar as malas, escolheu a bolsa menor, onde não caberiam muitas coisas, entre elas, a agenda. Portanto, ela não pode passar a mensagem. Ligou então para a sua mãe, em Niterói, pois ela tinha o telefone de duas vizinhas de seu apartamento em São Paulo, e como uma delas era uma senhora bem idosa, raramente saia de sua casa, com certeza poderia chamar a Marli ao telefone por um instante, assim, conseguiria o meu telefone de Taubaté e tudo estaria resolvido. No entanto, por uma sorte do acaso,  a velhinha e nem a outra vizinha estavam em casa.
Imaginou também, que eu já tivesse falado com a Marli e  portanto já sabia que ela estava a caminho, o que na realidade eu tentei fazer, mas não consegui. Acreditando que eu a esperaria em Taubaté, decidiu que iria assim mesmo, e que chegando lá, se eu não estivesse na rodoviária esperando-a, ligaria de novo para suas vizinhas, pois a viagem duraria 2h, tempo suficiente para elas chegarem.  Embarcou então no próximo ônibus e seguiu seu destino, crente que tudo daria certo.
***
Cheguei em Taubaté as 15h, como estava previsto, meu namorado, meu amigo e minha família estavam me aguardando e preocupados com a Marcia, que nem mesmo conheciam, pois durante a minha viagem, minha irmã tentou por diversas vezes falar com a Marli, inutilmente. Esperamos mais um pouco para ver se ela me ligava... Tentei novamente, não consegui. Meus amigos começaram a apressar-me, pois já havíamos perdido muito tempo com essa espera e eles achavam que ela não viria mais. Não queriam chegar à noite, com medo de não encontrarmos o sítio.  Assim, partimos para São Bento, meu namorado, minha irmã, nosso amigo e eu.
***
Marcia chegou a Taubaté as 16h, descendo na plataforma, percebeu que eu não estava e tentou novamente ligar para suas vizinhas, mas elas ainda não haviam chegado. Resolveu então aguardar um pouco, acreditando que eu iria buscá-la... Mas eu já estava longe.... Ficou sentada na rodoviária assistindo ao Show da Xuxa e esperando.... Como não conhecia Taubaté, imaginava que fosse uma cidade muito pequena onde todos se conheciam. Também não tinha muitas informações a meu respeito, sabia apenas que a casa de meus pais era muito próxima à rodoviária, que minha irmã tinha apelido de Rô, mas não sabia o seu nome, e que eu tinha um tio cabeleireiro que é muito famoso na cidade, mas também não sabia o nome dele. Achava que com essas poucas informações, não seria difícil encontrar-me e resolveu dar uma volta no quarteirão e perguntar para alguns moradores se eles me conheciam... Mais uma tentativa frustrada! Conversou com várias pessoas e se sentiu uma louca, pois ela mesmo nem acreditava no que estava fazendo.
Voltou para a rodoviária decidida a dar um jeito naquela situação, porque depois de tudo isso, precisava chegar ao tal sítio de qualquer maneira. Ligou então para o auxílio à lista e dando seu endereço e um número de apartamento qualquer, conseguiu o telefone de uma outra vizinha que ela nem mesmo conhecia. Ligou, explicou a situação, dizendo ser um caso de vida ou morte e que precisava falar urgente com a Marli. A mulher, mesmo achando aquilo esquisito, sentiu-se comovida e resolveu ajudá-la, chamando a Marli. Essa, depois de tudo esclarecido, passou o telefone dos meus pais para a Marcia.
***
Enquanto isso, eu já em São Bento, não conseguia me divertir... Só ficava imaginando o que teria acontecido com ela!! Não tinha outro assunto, só pensava nisso. Sentia que meu final de semana seria horrível. Dois dos meus amigos que estavam no sítio e que também moravam em São Paulo a conheciam e ficaram preocupados como eu, pois não achavam que ela fosse dar furo.
***
Nisso, Marcia com o telefone nas mãos, conseguiu falar com meu pai, que sabendo de tudo, informou que eu já deveria estar no sítio. Ela desanimada, disse que então, iria voltar para São Paulo no próximo ônibus, mas meu pai, muito prestativo e comovido com o esforço e determinação de Marcia, se prontificou a levá-la. Marcia, a princípio, recusou a ajuda, pois achou um absurdo dar todo este trabalho aos meus pais. Meu pai insistiu em levá-la, justificando que seria um passeio para ele.  Só que para isso, precisavam identificar-se para se reconhecerem primeiro na rodoviária. Meu pai se descreveu, dizendo estar de camisa vermelha, marcaram um local e ele foi buscá-la. Chegando em casa, minha mãe ligou para a casa da minha amiga para descobrir o endereço do sítio. Falando com a Jussara, descobriram  que essa empreitada não seria tão fácil assim, pois seria complicado encontrar o sítio sozinhos. Jussara com o neném novinho e doente, deixou-o com sua mãe e partiu a destino do sítio com meu pai, minha mãe e a Marcia, que a esta altura já não sabia mais aonde enfiar a cara. Apesar de toda a vergonha de Marcia, todos estavam felizes pelo passeio. Partiram, então, levando com eles algumas garrafas de vinho para comemorar!!
***
Finalmente, chegaram ao sítio por volta das 20h!! A alegria foi geral, pois todos estavam chateados com o acontecido. Marcia e eu nos abraçamos e choramos muito, nos desculpando pelo desencontro. Ela pelo atraso e eu por ter ficado com dúvidas se ela teria ido ou não. 
A partir daí, ficamos cada vez mais amigas, e certas de que sempre poderíamos contar uma com a outra. Viajamos muitas vezes, moramos juntas, dividindo apartamento, acreditando que tendo o mesmo endereço, não haveriam mais desencontros... Grande engano!!! Os desencontros continuaram acontecendo, mas para a nossa felicidade, sempre conseguimos nos encontrar!!
Nos tornamos grandes amigas, confidentes e parte da família uma da outra.
Isso tudo se passou em 1997, hoje, estamos com 30 anos, Marcia está casada com Arthur, que é de Belém do Pará, mãe de uma linda bahianinha chamada Amanda e morando em Salvador. Como vê, a confusão continua fazendo parte da vida dela, mas isso fica para uma outra história.  Ela está muito feliz e eu mais ainda, pois agora tenho onde passar as minhas férias sem gastar muito!! Voltei a morar com meus pais em Taubaté, continuo solteira e aprontando muito.


Denise,

Acreditamos que essa história se tornará ainda mais engraçada, sendo interpretada por você. Adoramos assistir ao Retrato Falado.
Há muito tempo venho pensando nisso. Estou aqui em Salvador, passando uns dias com a Marcia a fim de conhecer sua filhinha, hoje com dois meses. Conversando com ela a respeito, decidimos então te escrever. Já nos divertimos muito ao relembrar tudo isso. Esperamos ter despertado seu interesse por esse caso.

Se for necessário entrar em contato conosco, basta nos localizar utilizando os dados abaixo:

LUCIMARA SILVA FERNANDES

MARCIA MARIA SILVARES RITTER

Um grande beijo,

Lucimara e Marcia



Hoje, depois de muitas idas e vindas, Marcia está em Salvador novamente, a Amandinha já fez 8 anos e eu continuo em Taubaté, minha terra natal... rs. A Marli, casou com um suíço, hoje mora em Dubai e é nossa correspondente neste blog... rs
Faz muito tempo que não vejo a Márcia, a última vez foi no Rio de Janeiro, no Carnaval de 2009. Estou com uma saudade imensa, pois nunca ficamos tanto tempo longe uma da outra...
Mas não me preocupo, pois tenho certeza que nem o tempo e nem a distância são capazes de acabar com uma amizade como a nossa!
Espero que esta história sirva de exemplo para todos que valorizam uma verdadeira amizade!
Te amo, minha amiga!!!

E esta é a minha sobrinha do coração: Amandinha!

2 comentários:

Scrap by RÔ disse...

rsrsrs Tô aqui lembrando dessa história e rindo sozinha...Me lembrei do exato momento em que vi nossos pais aparecerem buzinando no Sítio....Foi um alegria geral.....rs bjks

Lucimara Fernandes disse...

Verdade, né? Que saudade! Aguele dia foi inesquecível! Por isso, esta história mereceu ser publicada! rs
Bjs