Semana passada eu não escrevi... E nesta, estou atrasada, eu sei. Mas não porque eu não queira escrever, muito pelo contrário! Eu quero escrever, só não sei por onde começar... Talvez, seja mais fácil começar pelo final... Ou não... Eu gostaria de escrever sobre um assunto mais alegre, afinal, estamos em pleno carnaval, período de festa e diversão... Ontem foi meu aniversário, dia de celebrar a vida... Mas como falar de vida se a dor da morte ainda doe no meu peito? Sinto que se não falar sobre este assunto, não conseguirei escrever sobre mais nada... Vou tentar. Vocês podem gostar, ou não. Podem concordar, ou não. Comentar, ou não. Mas se refletirem a respeito terá valido a pena!
Nos últimos dias, ou melhor, meses, quem sabe anos? Vi pessoas queridas se perderem por caminhos errados, das drogas e da criminalidade, digo caminhos errados do ponto de vista das regras sociais, mas não especificamente dessas pessoas que escolheram estes caminhos, pois, para elas, em um determinado momento da vida (que eu não consigo enxergar qual foi), este caminho foi a melhor opção. Mas que infelizmente, mais à frente, pode não ter sido tão boa assim... Ou não... Como saber?
Como saber o que pode ser melhor para o outro se muitas vezes não sabemos o que é melhor para nós mesmos, não é? Mas entre viver uma vida de incertezas, de perdas, de solidão, de preconceitos, de dificuldades, de carência afetiva, de violência, de dor, enfim, de tantos problemas, e encerrar a vida jovem, qual será a melhor opção? O que mais poderia vir pela frente? Haveria saída?
No mundo capitalista em que vivemos, enfrentamos muitas desigualdades sociais, muita falta de oportunidade de trabalho, de estudo, falta de expectativa de vida... Falta de afeto, de compreensão, falta de estrutura familiar... Falta de dignidade.
Neste mundo moderno em que vivemos, as pessoas estão se esquecendo do principal, do amor ao próximo! De enxergar o outro que está ali ao seu lado, mas, muitas vezes, não é visto na sua essência! Pessoas convivem embaixo de um mesmo teto sem conhecer os interesses, anseios e dificuldades que o outro sente.
Vivemos em um mundo injusto! Um mundo que julga pelas aparências, pelos atos extraordinários, pelos desatinos, pela aparente maldade cometida, que, muitas vezes, não passam de defesa de um ser humano desesperado, cujo único caminho foi a sua própria desgraça...
Ninguém nasce para ser mal ou para ser infeliz. Todo ser humano nasce com uma centelha divina que lhe dá a capacidade de amar. O pior criminoso, o maior assassino, é capaz de amar, ou a mãe, ou um filho, ou um santo de sua devoção, ou um cão vira-lata, ou a sua própria arma de fogo, que nada mais é que o seu instrumento de defesa ou de auto-afirmação...
É fácil julgar os criminosos quando estamos de fora, ou quando a maldade dele nos atinge diretamente, quando somos vítimas dos seus atos... Mas só quando perdemos um jovem que amamos, que vimos crescer, e que tivemos a oportunidade de conhecer o seu lado bom, amoroso, educado, é que entendemos que todos nós estamos vulneráveis a escolher o caminho errado em algum momento de nossas vidas... Só nesta situação entendemos porque todos os domingos as portas dos presídios estão lotadas de mães a espera do horário de visita para ver os seus filhos... E porque a pena de morte jamais será solução para diminuir a criminalidade.
Não estou aqui para fazer apologia ao crime, de maneira alguma! Mas para desabafar a dor de uma perda, para refletir e tentar entender os motivos que levam muitas pessoas a trilharem por caminhos errados e, muitas vezes, sem volta!