Quando escolhi me especializar na área de RH não imaginava
como seria difícil colocar em prática tudo
o que aprendi com os mestres... Acreditava que teria uma função estratégica e
não seria apenas uma cumpridora de ordens e regras, que até então eu
desconhecia...
Com o tempo aprendi que cada empresa tem suas próprias leis, que
você aceita e se adapta a elas ou você está fora...
Chegou uma hora que eu
cansei de mudar de emprego cada vez que não concordava com essas regras, porque
entendi que não posso mudar o mundo sozinha e que preciso trabalhar e receber o
meu salário no fim de cada mês, como todo trabalhador. Apesar de nem sempre ser
vista como tal perante os demais funcionários, pela chefia e pelo Sindicato, porque
todos nos cobram, mas ninguém nos defende... Quem vê de fora pensa que a gente
decide alguma coisa, na verdade, a gente apenas executa a vontade dos mais
fortes, que nem sempre são os funcionários...
Trocando experiência com outros profissionais da área eu
entendi que não posso generalizar, mas que certos problemas não mudam de uma
empresa para outra, apenas algumas políticas de trabalho e cultura
organizacional. Acredito que cada pessoa tem sua missão na vida e que cada
profissional um caminho a seguir... E que, muitas vezes, eles são bem
diferentes. Ainda bem, né? Ou não estaria aqui escrevendo sobre este assunto e
já teria desistido de tudo.
Desde o meu primeiro contato com as atividades de RH eu
sempre procurei fazer o melhor pelo funcionário, inclusive argumentando com os gestores
uma maneira de beneficiá-los, sem prejudicar a empresa, é claro. Acredito que
profissional valorizado trabalha mais feliz, falta menos e produz mais e
melhor. A empresa sempre ganha com funcionários satisfeitos. Pena que nem todos
os empresários entendem isso. Mas também sei que, para a empresa, a maioria das
decisões precisam ser baseadas em números... E que na eterna guerra entre a
razão e a emoção, a primeira deve ser a vitoriosa. É nessa hora que o meu lado
de Humanas é mais forte. E que sofro mais também.
Adoro contratações, ver o quadro de funcionários aumentando,
os colaboradores sendo treinados, promovidos, crescendo com a empresa. Mas detesto as demissões,
principalmente em massa, concordo que uma e outra muitas vezes são necessárias, pois nem
todos os profissionais se adaptam às novas funções ou correspondem às
necessidades da empresa, e que o quadro de funcionários depende das condições do mercado... De qualquer maneira, esta é a pior parte do nosso
trabalho.
Entre as áreas de Exatas e Humanas sempre acreditei ter mais
vocação para Humanas... Durante toda a minha vida de estudante eu sempre fugi
da Matemática como o diabo foge da cruz, no entanto, com o tempo, já na vida
profissional, percebi que não adiantou nada fugir, pois ela sempre esteve
presente no meu dia a dia. E confesso que, muitas vezes, gostei dela sem perceber...
Hoje eu vejo a falta que me faz não ter estudado as suas regras e equações, pelo
menos para prestar concursos públicos...
No meu trabalho sou observadora e
detalhista, gosto de tudo certo e adoro desafios de achar o erro, de fazer
bater cada centavo ou cada segundo, trabalho com salários, folha de pagamento e controle de ponto,
por isso não posso errar!
Adoro Excel, porque é uma ferramenta que facilita a minha
vida, devido ao meu pouco conhecimento de matemática!
Sou boa com planejamento
financeiro, que foi a única coisa que estudei (matemática financeira, juros,
descontos e estatísticas) sei bem o quanto eu ganho, quanto devo e quanto posso
gastar. Não sou consumista e nunca gastei mais do que posso.
Tenho mania de
números, horas, idade, quilometragem. Sempre sei a distância e o tempo
utilizado nas minhas corridas e viagens, gosto de saber a distância que me
separa dos lugares que gosto, frequento ou pretendo ir. Gosto de precisão,
odeio quadro torto na parede, diagramação mal feita, coisas sem equilíbrio. Analisando
tudo isso percebo que, talvez, eu tivesse me dado bem na área de Exatas...
Hoje entendo o outro
lado das coisas, da profissão, dos empresários, dos funcionários, o outro lado
dos nossos sonhos e das nossas expectativas, entendo que, muitas vezes, a
realidade é bem diferente de tudo o que a gente espera e acredita. E que muitas
vezes nos faltarão recursos para resolver todas as dificuldades humanas, mas
que essa escassez não pode nos impedir de seguir em frente, procurar novas
soluções, aproveitar as oportunidades, descobrir o novo, aceitar as mudanças e
nos adaptarmos a elas.
Precisamos conhecer o outro lado para ter uma visão crítica
e justa das coisas, para termos argumentos e defender as nossas opiniões, para
saber a diferença entre o certo e o errado, entre o que queremos ou não para
nossa vida, para valorizar o que temos e quem somos, para seguir o nosso
caminho com fé e esperança de dias melhores.
Detalhe:
Este texto foi escrito em 20/12/2015, mas ficou esquecido no meu computador até hoje... Como o assunto continua atual, resolvi publicá-lo hoje,dia 25/03/2018. Espero que gostem ou sirva para reflexão.