segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Agendas ou Diários

Quando eu era adolescente, sempre observava minha irmã, mais velha, escrevendo diários. Lembro-me bem dela anexando coisinhas, como papel de bala ou bombom, folhas de árvores ou flores secas... Eu achava interessante, ficava curiosa, mas nunca pedi para ver o que ela escrevia ou guardava ali. Depois, com o passar do tempo, ela começou a usar agendas para programar os seus compromissos. E também guardava umas coisinhas dentro. Acho que as agendas se tornaram um misto de anotações do que ela já tinha vivido e do que ainda deveria fazer... Eu só observava, mas nunca desenvolvi esses hábitos. E, já na fase adulta, ela começou a fazer scrapbook e a produzir suas próprias agendas personalizadas, que eu achava lindas! As agendas fizeram tanto sucesso que ela começou a fazer para vender ou presentear as pessoas, como faz até hoje! Ela chegou até mesmo a fazer uma para mim, com fotos e poesias, que eu adorei, mas nunca usei... Apesar de ter tentado, algumas vezes, e tê-la guardado até hoje no fundo da minha gaveta.


Nesta época, eu já havia começado a escrever, a princípio, por orientação de uma terapeuta, como um exercício para me ajudar a superar um luto, depois, porque percebi  que escrever me ajudava a me entender melhor, e, mais tarde, quando a minha irmã descobriu o que eu escrevi, e me incentivou a escrever um blog... Aceitei a sugestão, mas, a princípio, usei um pseudônimo, pois ainda não me sentia segura para expor o que eu pensava ou sentia... Mas gostei! E passei a curtir ainda mais quando comecei a ter seguidores e a interagir com eles, quando percebi que as minhas dúvidas e angústias não eram só minhas, que muita gente se identificava com o que eu escrevia e compartilhava das mesmas dores que eu, que eu não estava sozinha.  Foi aí que eu resolvi criar um blog coletivo e passei a assinar embaixo do que eu escrevia, dei a cara à tapa, me joguei e adorei!! Convenci alguns amigos a participarem do blog comigo, fiz novas amizades, comecei a frequentar eventos literários e a participar ativamente de muitos deles, como saraus, concurso de poesias, feiras, exposições, campanhas de incentivo à escrita e à leitura, de arrecadação e doação de livros, Intervenções culturais e até mesmo diversas participações em coletâneas de uma editora local. E assim, nunca mais parei de escrever.


Atualmente, como arteterapêuta, sei o quanto a escrita criativa contribui para o processo terapêutico e reconheço o quanto o hábito de escrever me ajudou a me conhecer melhor, a entender o outro, a enfrentar as vicissitudes da vida, a superar os meus desafios, a esclarecer minhas dúvidas, a resolver meus problemas e a compreender o mundo a minha volta.


E hoje, pensando na sessão de terapia que irei mais tarde, e nos assuntos que tenho a dividir com a minha psicóloga, sobre as atitudes que preciso tomar para organizar a minha rotina, os meus horários, as minhas atividades, entendi porque consegui me tornar blogueira, mas até hoje não aprendi a usar agendas, porque acho mais fácil falar do passado que planejar o futuro.  Eu sempre soube o que eu não queria para minha vida, mas nunca soube dizer exatamente o que eu quero dela. Hoje, entendo que tenho o livre arbítrio, que tenho o direito de fazer o que eu quiser... Mas quanto mais possibilidades eu tenho, mais dificuldades tenho de fazer escolhas...  E a vida é feita de escolhas! 


Todos os dias precisamos escolher entre levantar da cama ou dormir de novo, se vamos tomar café da manhã ou permanecer em jejum, o que vamos comer em cada refeição, cientes de que somos o resultado daquilo que consumimos, seja da qualidade dos alimentos que ingerimos, do tipo de notícias que acompanhamos, dos livros que lemos, dos filmes que assistimos, das músicas que ouvimos, das pessoas com as quais convivemos e do tipo de relação que temos com elas, dos ambientes que frequentamos e das energias que trocamos nesses lugares, enfim, de tudo que pensamos ou sonhamos para nossas vidas, porque toda escolha gera uma consequência, e só nós mesmos somos os responsáveis por elas. Não adianta culpar os nossos pais, pela tipo de educação que nos deram, os nossos cônjuges ou companheiros, pela forma que nos relacionamos, os nossos chefes, pelo modo que nos tratam, o governo, pela qualidade dos benefícios que nos oferecem, o sistema político que temos, se nada fazemos para mudar. Porque a questão não é sobre como o mundo nos trata, mas sim como nós reagimos ao que o mundo nos faz. 


Bora tomar atitude? Afinal, hoje é segunda-feira e a semana está só começando! 😉


Boa semana a todos! 🙏❤️